"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"Os maus não são bons porque os bons não são melhores"...

Dom Estêvão Bettencourt O.S.B.
Este título exprime uma grande verdade, que nunca se considerará demais. Pergunta-se porém: os maus precisam dos bons para se converter? – Responderemos que a sua conversão depende da graça de Deus (que nunca lhes falta) e da sua fidelidade a essa graça. Mas Deus quer servir-se de instrumentos. E isto em dois planos: no meramente humano e no da fé.

No plano meramente humano... É notória a influência do exemplo ou do testemunho apregoado não só com palavras, mas também com gestos concretos. As palavras voam, mas os exemplos arrastam. O homem de hoje, em muitos casos, dá mais importância à sinceridade ou à coerência de vida do que à própria verdade. São tantas as “verdades” proclamadas por quem não as vivencia que muitos não lhes dão crédito. E há tantos erros traduzidos em atos concretos que arrastam multidões. Daí a importância do testemunho de vida em favor do Evangelho. Essa coerência, porem, exige coragem e brio... Coragem para que eu me adapte à Verdade e não queira adaptar a Verdade a mim, coragem para sair do meu pequeno mundo egoísta e pulsar com valores objetivos, que interessam aos meus semelhantes. Quantos têm sempre essa coragem?
No plano da fé... São Paulo nos diz que somos membros de um Corpo cuja Cabeça é Cristo e que nesse Corpo há mútuas interdependências: “Como o corpo, sendo um, consta de muitos membros e os membros sendo muitos, formam o corpo, assim é Cristo... Não pode o olho dizer à mão: ‘Não preciso de ti’. Nem a cabeça aos pés: ‘Não preciso de vós’... Mais ainda: os membros do corpo considerados mais fracos são indispensáveis e, os que consideramos menos nobres, cercamos de maior honra” (Cor 12,12-23).
Um membro doentio ou anêmico transmite menos vitalidade do que outro plenamente sadio. Por isto se diz com razão que Deus quer salvar a uns mediante outros, Cristo quer comunicar sua ação redentora aos membros do seu Corpo Místico, para que, de um modo ou outro, colaborem (por graça de Deus) na mais importante d todas as obras, que é a santificação e a salvação dos homens. A consciência desta verdade desperta em todo cristão o elevado senso de responsabilidade que lhe toca. Aliás, os documentos mais recentes da Igreja têm observado que o ateísmo se propaga no mundo de hoje porque nem sempre é lúcido o testemunho que os fieis cristãos deveriam dar à Verdade. A decepção causada por não poucos afugenta os indecisos. A natureza humana tende a acomodar-se e cair na mornura de vida. Diz-se em latim “Quotidiana vilescunt. – A realidade repetida cada dia vai perdendo o seu significado”. Donde a importância de sacudir o véu da rotina, de modo que “os homens, vendo nossas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus” (Mt 5,16).
Sabiamente disse Jesus: “Vós sois o sal da terra”. E acrescentou: “Se o sal perder o seu sabor, não haverá quem o substitua” (Mt 5,13).
O bom cristão jamais poderá esquecer a nobre função que o Senhor assim lhe confiou.

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