"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Comunicação com os Santos...

Procurando saber o que a Igreja pensa sobre “comunicação com os Santos”, encontrei este texto bastante elucidativo e simples de compreender, escrito por D. Estêvão.
Como o assunto está em voga é sempre bom esclarecer, pois dúvidas surgem e especialmente a respeito da posição da Igreja com relação ao espiritismo.
Eis o texto:
A Igreja Católica não reconhece e aceita a comunicação com os mortos. Não há perspectiva de que tal venha a acontecer, já que se trata de algo proibido pelas Escrituras e amplamente explicado pela parapsicologia; os fenômenos mediúnicos nada têm de transcendental, mas são expressões do psiquismo do médium respectivo.
Quem percorre o Catecismo da Igreja Católica constata que não há alusão à mediunidade. Aí só se encontra a clássica doutrina da Comunhão dos Santos, sem referência a “Diálogo com os falecidos”. Vejam-se os parágrafos 958; 959; 2683.
A Igreja aceita a invocação dos santos (orações humildes dirigidas aos justos do céu para que intercedam por nós), mas não aceita a evocação dos mortos (prática ritual que julga obter respostas e mensagens dos mortos).

O testemunho bíblico

Para o católico, é importante o testemunho da Sagrada Escritura. O mesmo Deus que, segundo seus inescrutáveis desígnios, permite às vezes a aparição de santos ou defuntos, proibiu terminantemente a evocação dos mortos:
“Se alguém se dirigir aos que evocam os espíritos e aos adivinhos para se entregar às suas práticas, voltarei minha face contra esse homem e o afastarei do meu povo” (Lv 20,6).
“Todo homem ou toda mulher que evocar os espíritos ou se der à adivinhação, será punido de morte; lapidá-lo-ão; seu sangue recairá sobre ele” (Lv 20,27). Ver ainda
Lv 19,31; Dt 18,11.
Não obstante estas proibições, sabe-se que o rei Saul, atribulado numa campanha bélica, foi ter com a pitonisa (ou adivinha) de Endor, pedindo-lhe que o pusesse em comunicação com a alma de Samuel, seu guia de outrora (cf. 1Sm 28,7-14). O cronista bíblico acentua bem que esse feito foi ilícito: “Saul... se tornara culpado diante do Senhor... porque interrogara e consultara os que evocam os mortos” (1Cr 10,13). Não obstante, Deus se dignou permitir que o espírito de Samuel evocado respondesse: permitiu-o, não por causa dos ritos da pitonisa, que eram totalmente ineptos para tanto, mas tomando como mera ocasião a visita do rei à adivinha. O motivo por que então o Senhor atendeu a Saul foi, como depreende das palavras de Samuel, o desejo de admoestar o rei à penitência, ao menos no fim de sua vida (o rei Saul havia de morrer no dia seguinte); a exortação dirigida a Saul em circunstâncias tão extraordinárias seria particularmente eficaz. Disto, porém, não se segue que Deus se dirija aos homens por via tão estranha todas as vezes que estes o desejem.
A razão por que é proibida a necromancia, não é o falso pressuposto de que esta incomoda os mortos; deve-se simplesmente ao fato de que é uma crendice ou superstição.

E a visão dos Santos?
Bem diferentes dos fenômenos espíritas são as visões que os santos têm.
Estas são totalmente gratuitas, não resultando de ritos previamente executadas pra as provocar. Não há dúvida, tais visões podem ser a resposta do Senhor a preces de almas justas desejosas de obter um sinal sobrenatural. Contudo, assim como o Senhor Deus pode atender a essas orações (caso isso ocorra para o bem dos fieis), pode também não a deferir; nunca será lícito ao cristão crer que dispõe de meio seguro para se comunicar com as almas dos defuntos; todo o nosso intercâmbio com eles se realiza mediante insondável e soberana permissão de Deus.
Mesmo quando uma pessoa devota julga estar sendo agraciada por visões, os mestres da vida espiritual aconselham-lhe toda a cautela na interpretação de tais fenômenos, pois Satanás não raro de dissimula em “anjo de luz” (cf. 1Cor 11,14). As autênticas aparições de santos ou almas neste mundo (mesmo não provocadas) não são tão frequentes quanto propalam as notícias!
Como se vê, este ponto de vista não se identifica com a posição dos espíritas, que afirmam poder entrar em contato com tal alma, por ocasião de tais ritos... Procedem como se ainda tivessem jurisdição ou poder sobre aqueles que não são mais da nossa convivência e cuja sorte só Deus conhece.
Dom Estêvão Bettencourt O.S.B.

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