"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Nossa fé em questão

Aconteceu outrora com os apóstolos todos: embarcar com Cristo e ter que amargar a falta de fé nele. Acontece também hoje: conhecer o Cristo, declarar-se amigos e adoradores dele, leitores assíduos e ouvintes atentos de sua Palavra; mas, nos momentos cruciais da vida, perder a cabeça e deixar-se invadir pela descrença e pelo medo.

Não é que a fé esteja faltando entre nós; mas é que ela não é de primeira qualidade. E é por isso que Cristo nos questiona: “Vocês ainda não têm fé?”

Estamos prontos para jurar que temos. No entanto, ela não passa de sentimento estéril, que desaparece ao primeiro sinal de provação; não passa de atitude inconsciente, que não sabe opor-se às investidas das perseguições e das calúnias; não passa de piedoso exercício sem fôlego, que não consegue resistir à maré do pecado.

Não basta conhecer o Cristo; é preciso guardar a sua Palavra e obedecer-lhe. Não basta entregar-lhe o título de Filho de Deus; é preciso ter a coragem de entregar-lhe a própria vida. Não basta, aos domingos, lotar as igrejas, cantar, rezar e comungar, pensando que isso é ter fé; é preciso seguir os rumos indicados pelo Evangelho.

A fé proclamada com entusiasmo passageiro e vivida apenas por um momento na segurança de uma igreja, nada resolve e nada muda. Ela tem que ser vivida bem no meio das tempestades da vida e num barco açoitado pelo vento...

A fé-passarela ou a fé-ponte-aérea que, decolando do aeroporto do coração, sobrevoa o mundo e aterrissa no aeroporto do Paraíso sem tomar conhecimento do homem, não é fé que possa agradar a Deus.

Agora, somos desafiados a desfazer-nos das toneladas de devocionismo acumuladas nos séculos, e a criar espaço para um grão de fé genuína. Só assim é que conseguiremos exorcizar o medo e chegar a ser homens e cristãos de verdade...

Padre Virgílio, ssp

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