"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Secularização

Roque Brugnara

Secularização é um movimento cultural-religioso que se dedica a colocar no devido lugar o que é profano (de uso comum) e o que é sagrado (relacionado a Deus), reconhecendo a independência das realidades temporais. É uma espécie de reação ao tempo em que tudo era considerado sagrado.
É certo que a dimensão transcendental do homem é a mais importante por ser eterna, mas há realidades temporais das quais devemos reconhecer a justa independência. Caso típico é a ciência, o conhecimento humano em geral. Ele pode existir independentemente da postura religiosa do cientista. Melhor se o cientista puder ter o senso do religioso e do profano na justa medida.
A secularização resume-se nisto: considerar religioso o que tem relação direta com o transcendente e considerar seculares e profanas as demais coisas. A palavra profano não tem aqui seu sentido negativo: significa apenas o que não é sagrado.
Um dos exemplos é a arte: ela pode existir como expressão humana, mas pode igualmente ser expressão da dimensão religiosa. É realidade temporal, com sua justa independência, mas pode ser também expressão religiosa.
A economia pode ser outro exemplo: é realidade temporal, vivida por todos os homens, independentemente de sua opções religiosas; mas quem é cristão tem visão econômica um pouco diferente: deixar alguém passar necessidade, enquanto eu estou farto, é atitude inaceitável e tem duras consequências religiosas (cf. Lc 12-13-34; Lc 16,19-31).
A secularização pretende valorizar tanto as realidades temporais quanto a dimensão religiosa, deixando que cada uma delas ocupe o espaço que lhe cabe na vida humana. O que se diz profano tem implicações religiosas e não se pode viver a dimensão religiosa sem a condição temporal.

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