"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Quem dizem que eu sou?"

Marcos 8,27
Monsenhor Augusto Dalvit

25.06.1989
Jornal Zero Hora
Porto Alegre – RS
Coluna: Vida Católica
O Cristo fez a seus Apóstolos esta pergunta: “Na opinião dos homens, quem dizem que eu sou?”
Pergunta importante e necessária que Deus faz a cada um ao longo da vida, colocando o conhecimento como ponto de partida para a posterior adesão.
Responderam os Apóstolos ao senhor:
“Uns dizem que és João Batista, outros, Elias ou algum dos Profetas”.
O povo no tempo de Jesus não sabia quem ele era. Diante das respostas equivocadas do povo, na opinião pública, Jesus prossegue o diálogo e pergunta:
“E vós, quem dizeis que eu sou!”
Decorridos vinte séculos o povo sabe quem é Jesus Cristo? Continua a perguntar e a receber resposta equivocadas. A primeira condição é o conhecimento de Jesus Cristo. Do conhecimento verdadeiro se passa para a aceitação de sua pessoa e missão, fazendo, então a opção consciente em favor de Cristo, em detrimento dos homens e das coisas, das pessoas e das situações, dos vícios e paixões.
Cedo ou tarde todos seremos levados a fazer a opção, por ele ou contra ele. Impossível ficar “em cima do muro” até a morte.
Hoje, como nos tempos de Cristo, poucos o conhecem, menos ainda o amam e o seguem. Conhecer para amar, diz o provérbio, que ensina ser o conhecimento caminho primeiro antes de chegar à vontade.
Hoje, continua o mundo a organizar sua vida sem Deus, ou o que ainda pior, contra Deus. Lembra o Papa que o homem moderno justifica o pecado. Diante disto adverte:
“Pode o homem organizar o mundo sem Deus, mas ai do homem se organiza o mundo sem Deus!”
Jesus Cristo continua a passar pelas estradas do mundo a perguntar: quem dizem que eu sou? E vós quem dizeis que eu sou? Pergunta ao mundo e pergunta à Igreja: que diz o mundo de mim?
Que diz a Igreja de mim?
Qual tem sido a resposta da Igreja ao longo dos séculos?

O sangue dos mártires, o testemunho dos confessores, a fidelidade dos apóstolos, a caridade dos santos, o amor dos justos, tudo isto, manifesta a resposta autêntica dos seguidores de Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, o único libertador, o único salvador do homem, aquele que gera a justiça, faz nascer a caridade, dá perdão e concederá a misericórdia.
Será que o anúncio de Jesus Cristo tem precedido à denúncia dos pecados? Pouco vale denunciar sem antes haver anunciado e proclamado o Evangelho íntegro e fiel.
Será que o Evangelho de Cristo está sendo proclamado com vigor e fé pelos cristãos? Quantos são os cristãos fieis entre os batizados? Foi esta preocupação que levou Paulo VI, na Evangeli Nuntiandi a exclamar:
- "O que é feito, em nossos dias, daquela energia escondida da Boa Nova, suscetível de impressionar profundamente a consciência dos homens?
- Até que ponto e como é que essa força evangélica está em condição de transformar verdadeiramente o homem deste nosso século?
- Quais os métodos que hão de ser seguidos para proclamar o Evangelho de modo a que a sua potência possa ser eficaz?” (E.N.4)
Ultimamente se tem pregado demais o homem ao homem, e pouco Jesus ao homem. Se Cristo, o Homem-Deus, não for pregado como no tempo dos mártires, dificilmente as consciências e as estruturas serão transformadas. Ele deverá ser conhecido, procurado, aceito, seguido e então, os cristãos fieis serão instrumentos de salvação e de conversão pelo poder da graça de Deus. Sabemos que a missão da Igreja é pregar e testemunhar Jesus Cristo. Os outros bens decorrem desta verdade, como consequencia, nunca como causas geradoras da transformação do homem.
Quem é Cristo para o mundo atual? O indesejado, o desconhecido, o supérfluo, o não amado, o que incomoda.
Quem é Cristo para a Igreja? Para a Igreja instituição, é o único Salvador, o verdadeiro Libertador do pecado, aquele que traz a paz, a justiça, a verdade, a vida verdadeira. É aquele que dá sentido ao viver e ao morrer.
Belo texto que encontrei no meio de meus arquivos já tão antigos... Eles, os arquivos... Mas a mensagem é atual e sempre será... Eterna... Que Deus abençoe este sacerdote onde quer que ele esteja por sua tão bela inspiração.

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