"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

... Até o Fim

“Não; não pares.
É graça divina começar bem.
Graça maior persistir na caminhada certa,
Manter o ritmo...
Mas graça das graças é não desistir.
Podendo ou não podendo, caindo embora aos pedaços,
CHEGAR ATÉ O FIM...!”

Estas palavras de D. Hélder Câmara vêm a ser precioso programa de vida. Ir até o fim dos bons propósitos, sem ceder ao desânimo ou à tentação da volubilidade, apesar da monotonia da caminhada..., tal é o segredo das grandes façanhas. Há uma santa teimosia, penhor de vitória ou de entrada no Reino dos Céus. É o Senhor quem o diz: “O Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele” (Mt 11,12). Está claro que não se trata aqui da violência armada, mas da fortaleza daqueles que sabem superar todos os obstáculos para não perder a verdadeira meta.
Em outra passagem, diz Jesus que a semente boa (a Palavra de Deus) dá fruto múltiplo em clima de perseverança ou paciência tenaz (cf. Lc 8,15). Pouco adiantam a fé e o amor que não vão até o fim. Quem percorre a Escritura, encontrará muito frequentemente a recomendação da perseverança heróica: “Sê fiel até a morte, e eu te darei a coroa da vida” (Ap 2,10; cf Mt 10,22; 24,13).
Compreende-se bem tal ênfase. Já um famoso ateu de nossos tempos, Albert Camus (+ 1960), dizia que o que mais o contristava era ver que a maioria dos homens não chega ao termo do seu ideal. Param no meio do caminho, pois tudo o que é grande e belo, também é árduo e cansativo.
E a que haveria de se comparar uma criatura que não chega ao seu fim? – Poderia dizer-se que ficou anã no plano espiritual ou na linha da sua estatura definitiva. Uma estatura física anã não implica culpa da parte do respectivo sujeito, mas ser anão(ã) no tocante aos valores definitivos é muito grave, se se deve à covardia ou à pusilanimidade.
O medo e a mesquinhez de ânimo são males que ameaçam todo homem. O cristão, chamado a tudo o que há de mais nobre, tem consciência disto e pede ao Senhor a graça das graças: “a de não desistir; podendo ou não podendo, caindo embora aos pedaços, CHEGAR ATÉ O FIM!”.
Dom Estêvão Bettencourt O.S.B.
Revista Pergunte e Responderemos - Junho 1991 – nº 349

Nenhum comentário: