"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

domingo, 7 de março de 2010

Moderação, e não Excesso...

São Francisco de Assis, por G. Bussotti






Entre os sequazes de Francisco havia espíritos simples, tão possuídos do zelo da mortificação, que, se o Patriarca lhes houvesse permitido a exercitarem em toda a extensão de seus desejos – sem tomarem em conta a sociedade nem a Fé – chegariam a destruir prematuramente seu próprio organismo, que haviam consagrado a Deus para sustentar as canseiras da evangelização e conversão dos outros.

Francisco, porém, que sentia para com a sua Comunidade extremos de Pai amoroso e sabia temperar a íntima flama do amor divino que o envolvia inteiramente, com a prudência aconselhada pelo próprio Jesus, recomendava a discrição e não o excesso; e ordenava que ao corpo não fossem impostos sacrifícios que não pudesse sustentar.

Uma noite, quando todos já pareciam estar dormindo, Francisco ouviu uns gemidos. Acorreu ao local, encontrando aí um de seus Irmãozinhos que, por se haver imposto um demasiado jejum, sentia-se sucumbir à míngua. Com paternal solicitude correu para a parca despensa, e, rogando ao pobrezinho, que, estava a cair de fraco, para que comesse alguma coisa – deu-lhe ele próprio o exemplo, com o fito de levar o outro ao mesmo.

“Meus irmãos, - disse, naquela ocasião – quero dizer-vos que verdadeiramente, cada qual deveria medir a sua própria resistência. A alguns de vós pode ser suficiente um alimento diminutíssimo; quero porém que aquele a quem se torna preciso maior porção não se obrigue a imitar os demais, senão que dê cada qual a seu corpo exatamente o bastante para que esse continue servo à disposição do espírito. Por que, como temos obrigação de nos abster dos alimentos supérfluos, nocivos ao corpo e à alma, também nos devemos precaver contra uma abstinência exagerada, porquanto o Senhor aprecia mais a conversão em si do que o sacrifício. O servo de Deus deve usar discrição, para que o irmão corpo não tenha que se queixar dizendo: Não posso permanecer de pé, nem aguentar uma oração prolongada, nem acompanhar-te nas tuas boas obras, porque não me dás aquilo de que não posso prescindir. Agora, se o servo de Deus satisfaz moderadamente tudo de que carece, mas o irmão corpo teima em continuar negligente, tardo e dormilhão, então é preciso castigá-lo, porque, qual jumento recalcitrante e preguiçoso pretende comer sem carregar nenhum peso. Se, ainda o irmão corpo pede o indispensável e que este não existe, então suporte-se pacientemente a falta; e o sofrimento que daí provier será consignado por Deus no Livro dos mártires”.

Eis aí como Francisco, com santa habilidade, sabia harmonizar as exigências da fraqueza humana com o espírito de penitência, ditado pela Ordem.

Imagem: brasilfranciscano.blogspot.com/2008/10/franci...

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns a você e a todas santas mulheres que acompanham seu abençoado e maravilhoso trabalho por este dia tão especial. Que a luz do Senhor continue a iluminar todas as mulheres.