"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

domingo, 18 de abril de 2010

Dez Mitos Sobre Pedofilia Entre Os Sacerdotes

por Deal Hudson

Sob o título de: Concepções mal fundamentadas, Dom Estêvão em Pergunte e Responderemos de agosto de 2002, nº 482 fala sobre o tema que como sempre está em voga, infelizmente.

A revista norte-americana Crisis Magazine publicou um artigo de Deal Hudson, que comenta dez “mitos” ou proposições mal fundamentadas a respeito de pedofilia entre os clérigos. Desses dez vão, a seguir, escolhidos cinco, que parecem mais significativos. – Eis o respectivo texto:

1. É provável que os padres católicos sejam mais pedófilos do que qualquer outro grupo masculino.

Haveria mais probabilidade de padres violentarem as crianças do que qualquer outro grupo de homens? – O uso e abuso de crianças como objeto de satisfação sexual de adultos é uma epidemia que atinge todas as classes, profissões, religiões e comunidades étnicas espalhadas pelo mundo todo, como indicam claramente as estatísticas em pornografia infantil, incesto, e prostituição infantil. A pedofilia (o abuso sexual de uma criança pré-adolescente) entre os padres é extremamente rara, afetando somente 0,3% de todo o clero norte-americano. Este número citado no livro “Pedófilos e Padres” (Pedhofiles and Priests) de escritor não-católico Philip Jenkins, vem do estudo mais completo feito até hoje, que descobriu que somente dois dos 2.252 padres pesquisados durante um período de 30 anos apresentavam sintomas de ser atormentados pela pedofilia. No escândalo recente de Boston, somente quatro dos mais de 80 padres acusados pela mídia de “pedófilos” são na verdade culpados de molestar crianças pequenas.

A pedofilia é um tipo particular de doença compulsiva sexual na qual um adulto (homem ou mulher) abusa de uma criança pré-adolescente. A grande maioria dos escândalos de abuso sexual no clero que agora vêm à tona não envolvem pedofilia. Pelo contrário, eles envolvem efebofilia – atração homossexual a meninos adolescentes. Mas, mesmo que o número total de violentadores sexuais no sacerdócio seja maior do que o dos culpados de pedofilia, este número ainda é menor do que 2%, percentual recorrente entre os homens casados (Jenkins, Pedophiles and Priests).

Em vista da crise atual na Igreja, outras denominações religiosas e Instituições não-religiosas admitiram ter problemas parecidos tanto com pedofilia como com efebofilia entre os níveis de seu clero e de seus membros. Não existe evidência de que seja mais provável os clérigos católicos serem mais pedófilos do que os ministros protestantes, os líderes judeus, os médicos ou os participantes de qualquer outra instituição na qual os adultos estejam em posição de autoridade e poder sobre as crianças.

2. O celibato dos padres os leva à pedofilia

O celibato não tem relação de causa com um tipo de vício sexual, incluindo a pedofilia. Na verdade, homens casados são tão suscetíveis à violência sexual com crianças como os padres celibatários (Jenkins, Pedophiles and Priests). Na população em geral, a maioria dos violentadores são homens heterossexuais reprimidos que violentam sexualmente meninas. Também se encontram mulheres entre os violentadores sexuais. Mesmo sendo difícil obter estatísticas precisas sobre abuso sexual infantil, as características do violentador sexual em série de crianças têm sido bem explanadas. O perfil do molestador de crianças jamais incluiu adultos normais atraídos eroticamente pelas crianças como resultado de abstinência (Fred Berlin, “Compulsive Sexual Behaviors” in Addiction and Compulsion Behaviors [Boston: NCBC, 1998]; Patrick J. Cames, “Sexual Compulsion: Challenge for Church Leaders” in Addiction and Compulsion; Dale Oleary, “Homosexuality and Abuse”).

3. O casamento do clero faria a pedofilia e outras formas de má conduta sexual desaparecer

Algumas pessoas – incluindo alguns católicos dissidentes – estão explorando esta crise a fim de atrair a atenção do público para seus interesses próprios. Alguns estão exigindo o casamento para o clero católico em resposta ao escândalo, como se o casamento fosse fazer com que os homens parassem de machucar as crianças. Isto contraria a mencionada estatística segundo a qual os homens casados são tão suscetíveis de abusar de crianças quanto qualquer celibatário (Jenkins, “Pedophilia and Priests”).

Já que nem o fato de ser católico nem de ser celibatário predispõe uma pessoa a desenvolver a pedofilia, o casamento do clero não resolveria o problema (“Doctors call for pedophilia research”, The Hartford Courant, March 23). Basta olhar para crises semelhantes em outras denominações e profissões para verificá-lo.

É fato concreto que jamais se soube que homens heterossexuais física e psicologicamente saudáveis tenham desenvolvido atrações eróticas por crianças como resultado de abstinência sexual.

4. Celibato do Clero foi uma invenção medieval

Errado. Na Igreja Católica Ocidental, o celibato se tornou uma prática mais comum no século IV. Agostinho instituiu a disciplina monástica para todos os seus sacerdotes. Além das várias razões práticas para esta disciplina, o estilo de vida celibatário fazia com que os padres fossem mais independentes e disponíveis. A Igreja não mudou suas diretrizes sobre o celibato, porque através dos séculos ela percebeu o valor prático e espiritual deste costume (Papa Paulo VI, Sobre o Celibato Sacerdotal, Carta Encíclica 1967). De fato, até mesmo na Igreja Católica de Rito Oriental – que aceita padres casados – os Bispos são escolhidos somente entre os padres solteiros e os monges.

Cristo revelou o significado e o valor verdadeiro do celibato. Os padres católicos desde São Paulo até hoje o imitam na autodoaçao total a Deus e aos outros, como celibatários. Embora Cristo tenha elevado o casamento ao plano de um sacramento que revela o amor e a vida da Trindade, Ele também era testemunha da vida no mundo que há de vir. O sacerdócio celibatário é para nós uma testemunha viva desta vida na qual a unidade e a alegria do casamento entre um homem e uma mulher são superadas pela comunhão amorosa perfeita entre homem e Deus. O celibato devidamente compreendido e vivido liberta a pessoa para amar e servir aos outros como Cristo fez.

Durante os últimos quarenta anos, o celibato tem sido um testemunho poderoso de homens e mulheres que se oferecem a serviço de suas comunidades.

5. O Sacerdócio Feminino ajudaria a resolver o problema

Não existe conexão lógica entre o comportamento anormal de uma pequena minoria de padres e a inclusão de mulheres em sua classe. Mesmo sendo verdade que a maioria das estatísticas sobre molestaçao de crianças mostre que existe uma probabilidade maior de homens violentarem crianças, o fato é que algumas mulheres também são molestadoras. Em 1994, o Centro Nacional de Pesquisa de Opinião (National Opinion Research Center) mostrou que a segunda forma mais comum de abuso sexual de crianças envolvia mulheres violentando meninos. Para cada três violentadores masculinos, havia uma violentadora. Contudo, as estatísticas sobre infratoras sexuais são mais difíceis de se obter porque o crime é mais encoberto (Interview with Dr. Richard Cross, “A Questiono of Character”, National Opinion Research Center; cf. Carnes). Também a maioria de suas vítimas (meninos) tem menos probabilidade de denunciar o abuso sexual que as meninas, especialmente quando o infrator é uma mulher (O’Leary, “Child Sexual Abuse”).

Existem razões por que a Igreja não pode ordenar mulheres (conforme o Papa João Paulo II explicou várias vezes). Mas isto está além do problema. O debate sobre a ordenação de mulheres não tem absolutamente relação com o problema da pedofilia e outras formas de má conduta sexual.

E.B.

Deixo aqui minha opinião: Embora escrito em 2002, há 8 anos atrás, vemos o quão atual é. Creio que embora tristemente constatemos que este mal existe dentro da Igreja, outros males também existem em seu seio. A Igreja é cheia de belos testemunhos, mas infelizmente são estes graves problemas, não sem razão, que vêm à tona com toda a força. Não podemos nos omitir, certamente, mas sempre buscar o caminho certo para fazer uma denúncia. E, também não nos esqueçamos de todos os dias pedir em oração, pela santificação da Igreja e de todo o Clero e que Deus dê forças ao Santo Padre para ser firme na fé e não permitir que tais casos sejam acobertados, pois a Igreja é o centro de tudo que deve ser santo, por isso os ataques são mais agressivos. Tem sentido.

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