Padre Virgílio, ssp
A dificuldade dos discípulos em crer no Cristo ressuscitado é parenta de primeiro grau daquela nossa dificuldade em crer que o mesmo Ressuscitado, hoje, caminha conosco pelas sendas de nossa dolorosa história.
Por isso, nós também precisaríamos reler, com olhos limpos e coração purificado, aquilo que do Cristo está escrito “na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Naquelas palavras, que são Palavras de Deus, nossa fé encontraria seu respaldo e nossa caminhada se tornaria mais segura.
A fé no Ressuscitado é característica específica do cristianismo. Aquela característica que diferencia o cristão daqueles que creem num Deus indefinido, princípio do universo, mas ninguém conhece o relacionamento que ele mantém com o ser humano.
Ora, se o “específico cristão” consiste em crer no Deus que ressuscitou Jesus Cristo, em crer que este Cristo anda lado a lado conosco, nós não poderemos titubear nesta fé...
Mas é que, uma fé desse tipo compromete-nos e incomoda-nos perigosamente. Pois, admitir que Cristo está no meio da gente, nos obrigaria a andar sempre direito e a ser sempre honestos. E esse é “perigo” que preferimos não correr...
Preferimos fazer de conta que ele não ressuscitou, que ele não anda pela nossa mesma estrada, que ele não está na terra, mas no céu. Preferimos fingir que ele nem existe e que, portanto, não pode falar ao nosso coração, nem perturbar nossa consciência, nem exigir de nós compromisso algum.
Nós, em nosso delírio de comodistas impenitentes, podemos até fechar os olhos perante a realidade do Cristo ressuscitado: só conseguiremos enganar a nós mesmos. Mas, se quisermos ser portadores daquela força que vence a lógica do pecado e da morte, é para a fé nele que devemos abrir-nos; é na presença dele que devemos apostar; é a lei dele que devemos abraçar.
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