Será verdade que se pode chegar ao céu por caminhos diferentes; mas a porta, a passagem final, é uma só. É a porta estreita do amor, a conversão a Deus e ao irmão. Enquanto as portas largas, sempre abertas e convidativas para nós, são infinitas...
É suficiente que um padre “se conforme” com certos sistemas injustos e discriminatórios; que feche um olho perante as mentiras, as arbitrariedades e as imoralidades de algumas de suas “ovelhas”... E aí, quantas portas, antes fechadas, irão se escancarar para ele. E quantos cheques, antes impensáveis, irão convergir para o bolso dele, de modo que possa reformar a igreja, construir a torre campanária, comprar novos assentos e novos castiçais...
É suficiente que um cristão deixe de se engajar; deixe de contestar e de lutar contra situações erradas; deixe de se indignar perante as desigualdades e os roubos; e deixe de se importar com o materialismo e o ateísmo... E aí, todas as portas que levam à sala dos botões e aos postos de comando ficarão abertas diante dele...
É suficiente que uma moça se libere de seus freios morais, jogue no lixo suas convicções e os mandamentos de Deus, esqueça seus “tabus”, deixe de ser católica intransigente com certas pessoas de grande poder econômico... E aí, um bom emprego não lhe faltará; e um pequeno rio de dinheiro nunca deixará de afluir a seu cofre...
Tudo isso, porém, não passa de culto alternante das “portas largas”, que leva para o nada absoluto. A alternativa do Evangelho é outra. Cultuar o Deus do amor e da justiça, reconhecer em cada pessoa um irmão, praticar a partilha fraterna. Só assim é que irão se abrir para nós as portas da Vida...
Padre Virgílio, ssp
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