Pelo dogma da Assunção, afirmamos que Maria já está definitivamente glorificada na totalidade de seu ser humano e feminino. A continuidade de seu corpo terreno, agora glorioso, não deve fazer-nos esquecer a transformação radical que lhe acarretou a ressurreição dos mortos. Assim foi para Cristo. Assim o será para todos os eleitos (cf. 1Cor 15,44ss). Ressurreição não é reanimação de um cadáver, mas criação de um ser renovado pelo Espírito.
Tampouco nossa fé nesse mistério derradeiro de Maria significa que aceitemos a dicotomia grega entre corpo e alma. Nossa expectativa de plena realização em Deus é também corporal. Pela verdade revelada da Assunção, te mos a certeza de que a Virgem Mãe já “esta em Cristo” para sempre.
Discutem os teólogos se o caso de Maria é uma exceção singular (só ela por enquanto) ou se representa a personificação e protótipo da sorte eterna de todos os santos.
Mais importante é entendermos a assunção da Mãe de Jesus como a consumação normal de sua vinculação a ele.
“A gloriosíssima Mãe do... Doador da vida e da imortalidade – escrevia S. Modesto de Jerusalém – foi glorificada e revestida de corpo na eterna incorruptibilidade por aquele mesmo que a ressuscitou do sepulcro e chamou a si duma forma que sé ele sabe”.
Fonte de vida humana para o Verbo encarnado, Maria recebe agora do Filho glorioso a vida eterna, objeto de todos os seus anseios.
Outro aspecto desse mistério: é o ponto de chegada da peregrinação de fé e a plena maturação da Palavra de Deus na vida de Maria. A Palavra de Deus é semente de vida eterna; é espírito e vida (cf. Jo 6,63).
Meditemos ainda a assunção de nossa Mãe à luz do que nos diz o evangelho: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6,54) e ainda: “Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não vem a juízo, mas passou da morte à vida” (Jo 5,24).
Tal promessa, já plenamente verificada em Maria Assunta, vale também... para nós, pecadores.
Ir. Aleixo M. Autran, marista
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