"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

domingo, 5 de setembro de 2010

... o luxo dum herdeiro! Alguém está ao meu lado...

Deus criou tudo, com Amor, e por Amor. Nem a mosca existe à toa, no plano de Deus. Nenhum acontecimento escapa à sua presença divina. Nenhum homem vive, fora da palma de sua mão. Nenhum Anjo está desligado do seu plano amoroso, em favor dos homens.

... sempre ativos.

Desde a aurora da criação até a noite do Juízo final, os Anjos participam do plano salvador de Deus. Antes de Cristo, a sua atuação era decisiva, junto aos patriarcas, dos profetas e ao povo eleito. Com a chegada de Cristo, sua atuação foi discreta, mas presente. Depois de Cristo, até o fim do mundo, os Anjos continuam invisíveis, mas atuantes como sempre. Tirar a função dos Anjos ao longo da História Sagrada, é tirar a harmonia do avanço progressivo de Deus até os homens.

... sempre de prontidão.

Os Anjos foram inseridos na história de Israel, de Cristo e da Igreja. Houve momentos trepidantes, em que solucionaram “angelicamente” situações delicadas.

José tencionava deixar Maria, por estar grávida. Um Anjo salvou o rompimento dum casal. Nossa Senhora assustou-se, ao ouvir o honroso convite de ser Mãe de Deus. O Anjo Gabriel desmanchou a dúvida. Cristo nasceu ignorado pelo povo de Belém e Jerusalém. Os Anjos cantaram-lhe a “serenata” celestial. No Jardim das Oliveiras, Cristo se arrepiou com a dolorosa previsão de sua Paixão inútil para muitos. Um Anjo consolou-o, enquanto os Apóstolos dormiam.

Na Ressurreição, um Anjo plantou guarda junto ao túmulo, orientando os apóstolos no reencontro com o Mestre. Na Ascensão ao céu, os Anjos de novo deram a direção certa aos apóstolos desorientados. A abertura corajosa para o mundo pagão foi pressionada por um Anjo, que apareceu a Pedro, em sonhos, exigindo o batismo do centurião pagão Cornélio. No Juízo Final, os Anjos serão testemunhas transparentes de todos os acontecimentos da história e de cada homem, em particular.

... útil não é “desnecessário”.

Tudo o que lemos podia ter acontecido sem os Anjos. Deus não precisa de nada e de ninguém. Mas não obsta que “use” a quem quiser. Mesmo assim, houve discreção no uso dos Anjos. No Jardim das Oliveiras, onde foi aprisionado, Cristo entregou-se livremente, pois se fosse para se defender, não recorreria a uns paus quebradiços de soldados, mas chamaria a legiões de Anjos, que o Pai enviaria instantaneamente.

... o binóculo e o avião

Uma coisa é perscrutar o horizonte, a olho nu, e outra é aproximá-lo com o engrandecimento do binóculo. Andar a pé, de carro ou de avião... não é a mesma coisa. O transporte mais rápido é o mais útil, se depender da velocidade. Daí a grande diferença, em nossa vida, de andar sozinho ou de contar com um companheiro forte, inteligente e experimentado. O Anjo é como um binóculo.

... afinal, por que?

Parece inversão, um Anjo puríssimo andar ao lado dum mendigo maltrapilho, que é o homem. Mas há um motivo que faz o Anjo andar respeitoso, ao nosso lado, quase diria, com “ciúme”, se fosse possível atribuir-lhe uma falha moral.

Pelo batismo, tornamo-nos “filhos” de Deus, herdeiros do céu e coherdeiros de Cristo”. Participamos da vida divina. Somos irmãos de Cristo. Somos da Família de Deus. Somos frutos da Redenção, por meio do seu Sangue Precioso.

É uma dignidade que ultrapassa a inteligência dos Anjos. Para eles, até é uma honra caminhar ao nosso lado, desde que estejamos em graça santificante.

... não te constranjas!

Tu mereces este luxo dum filho de Deus. A honra é mútua: tua, a de seres filho de Deus; do Anjo, a de colaborar na tua salvação eterna. Ele compreende melhor a tua dignidade: pergunta-lhe pelo “teu valor” perante Deus.

“... se lhes obedeceres... serei o inimigo dos teus adversários!” (Ex, 23,20).

Afonso de Santa Cruz

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