Nenhum mestre, nenhum orador, soube ser tão hábil em todo o gênero de ensinamentos como Jesus. Ele, “do seu tesouro, tirou coisas novas e coisas velhas”. Não só fez comentários altíssimos mas revelou os segredos do Reino dos Céus, da maneira mais genial e mais simples, da arte de falar.
Eis suas muitas parábolas e suas inúmeras comparações. Depois vêm os ditos, as máximas, os provérbios, os enigmas e as perguntas. As sentenças de Nosso Senhor muitas vezes parecem difíceis de compreender; mas, apenas saibamos seu significado, não as esquecemos jamais.
Vocês encontrarão aqui algumas sentenças, alguns provérbios de Jesus. Ei-los:
”Médico, cura-te a ti mesmo” (Lc 4,23).
“Não há profeta sem honra, senão em sua pátria” (Mt 13,57).
“Quem procura acha e a quem bate, ser-lhe-á aberto” (Lc 11,10).
“Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21).
“Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6,24).
“Ninguém põe remendo de pano novo num vestido velho, nem vinho novo em odre velho” (Mt 9,16,17).
“Não é preciso médico para os sãos, mas para os doentes” (Mt 9,12).
“Nem só de pão vive o homem” (Mt 4,4)
“Se um cego guia outro cego, ambos cairão no buraco” (Mt 15,14).
“Muitos dos primeiros serão os últimos e dos últimos os primeiros” (Mt 19,30).
“Mereça todo o operário o seu salário” (Lc 10,7).
“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no Reino de Deus” (Mt 19,24).
“O sábado é feito para o homem e não o homem para o sábado” (Mc 2,27).
“Se o grão de trigo, caindo na terra não morre, fica estéril; mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24).
“Marta, Marta, tu te inquietas e te embaraças com muitas coisas, entretanto só uma é necessária (Lc 10,41). Maria escolheu a melhor parte e não lha será tirada (Lc 10,42).
“Todo o reino dividido será devastado” (Mt 12,25).
“Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 9,25).
“Os fariseus, vendo, não veem e, ouvindo, não ouvem e não compreendem” (Mt 13,13).
“Ao que já tem, será dado e ao que não tem, será tomado o que tem” (Mc 4,25).
“Deixa que os mortos sepultem seus mortos” (Mt 8,22).
“Daqui a pouco não me vereis e daqui a pouco me vereis, porque vou para o Pai” (Jo 16,16).
“Quem conserva sua vida, perdê-la-á e quem a perde por minha causa encontrá-la-á” (Mt 10,39).
***
Estas e muitas outras, são as sentenças de Jesus. Algumas parecem enigmas e outras provérbios comuns; mas, seu ensinamento prático é sempre muito importante. Aprendam-nos de memória e procurem penetrar o sentido que lhes deu Jesus, o divino Mestre.
Para melhor instruir seus ouvintes, ele adotou também outro meio: o das perguntas. As páginas do Evangelho trazem muitíssimas delas, as quais, além de nos deliciar com o doce modo de falar do divino Mestre, o qual, de tal maneira atraía a atenção e a reflexão, ajudava a compreender melhor e excitava os ânimos e a vontade a decidir-se, ou os induzia a exprimir seu desejo e sua prece. Eis algumas:
“Não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que o vestido?”
“Quem de vós, poderá acrescentar um côvado a sua altura?”
“Quem de vós, se um filho lhe pede um pão, lhe dará uma pedra?”
“Por que pensais o mal nos vossos corações?”
“Por que tivestes medo, ó gente de pouca fé?”
“Credes vós que eu possa fazer isso? (isto é, salvar-vos)”
“Quem foste ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?”
“Como podeis, dizer coisas boas, se sois malvados?”
“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”
“Como é que não compreendes, que não é de pão que eu vos falava?”
“O que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas e perde uma delas, não deixará as noventa e nove para ir em busca da ovelha perdida?”
Que belo estudo é o de investigar todas as perguntas de Jesus! Eu me referi apenas às primeiras e são tantas! Quando a encontrarem experimentem dar-lhe a resposta. São perguntas insinuantes e pessoais, que parecem ser feitas a cada um de nós. Por exemplo:
“O que queres que eu te faça?” (Mc 10,51)
“Quereis ser curado?” (Jo 5,6).
“Podeis beber o cálice que eu estou para beber?” (Mc 10,38).
A esta última pergunta, os dois irmãos, Tiago e João responderam: - “Sim, podemos”. E nós, o que saberíamos responder?
“O que disse a gente? E vós quem dizeis que eu sou? Crês tu isto?” (Jo 11,26) isto é, “que eu sou a Ressurreição e a Vida?” tinha perguntado Jesus à Marta, que chorava pela morte do irmão. Depois acrescentou:
- “Onde o puseste? Não te disse que se acreditares verás a glória a Deus?” (Jo 11,34-40).
As perguntas mais comoventes são, certamente, aquelas feitas por Jesus a Pedro depois que este o negara:
“Simão, filho de João, tu me amas mais que estes?” – “Simão, filho de João, tu me amas?” “Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro, às três vezes, respondeu: - “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo; tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo!”
Oh! se pudéssemos responder assim também nós! Digam dez, cem, mil vezes: “Sim, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo!”
Felizes aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática (Lc 11,28).
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