Mt 21, 1-16; Mc 11,1-13; Lc 19,19-41; Jo 12,13-19; Lc 9,48; Mt 19,13-15
Quando vocês ouvirem falar na entrada de Jesus em Jerusalém, não pensem num espetáculo grandioso, com grande multidão, como no triunfo dos heróis de Roma, ou nas recepções dos soberanos pelo seu povo.
O triunfo do Nosso Senhor Jesus, se bem que preparado por muitos corações reconhecidos, foi modesto, como aliás foi toda sua vida. Ele sempre fugiu aos aplausos do povo. Uma vez, quando, depois da multiplicação dos pães, queriam nomeá-lo rei, ele fugiu. E também, agora, quando centenas e milhares de pessoas se unem em todas as partes da terra para aclamá-lo, seu Senhor, seu Rei eterno, Jesus não obstante operando tantos prodígios, especialmente nas almas, permanece invisível, sob o véu da Eucaristia. Somente no Céu, contemplaremos toda a sua glória.
Entretanto, estava escrito que o Messias devia entrar como Rei em Jerusalém. – “Dize à filha de Sião: - “Eis que a ti vem o teu Rei, humilde e sentado sobre o filho de uma jumenta” (Zac 9,9; Is 62,11).
E, Jesus, que em tudo cumpria a vontade do seu Pai, aceitou aquela homenagem pública.
Muitos judeus já tinham chegado a Jerusalém, para a Páscoa, que se aproximava. Queriam também rever Jesus e ir até Betânia para ver Lázaro, o ressuscitado. Aquele milagre tinha despertado grande admiração pelo Profeta de Nazaré.
Sabendo eles que Jesus estava para vir a Jerusalém, interessaram-se e, num instante, revivendo o brilho de uma viva chama, improvisaram-lhe um cordial triunfo popular.
E cortaram a folhagem verde das árvores para espalhar pelo chão e ramos de oliveira e de palmas para agitar em sinal de alegria.
Dois discípulos entretanto, foram buscar um jumentinho, no qual ninguém ainda montara, em uma aldeia logo adiante. Puseram sobre o dorso do jumento algumas matas de variadas cores e ajudaram Jesus a montar. A cidade de onde partiu o cortejo chamava-se Betfagé e ficava na encosta do monte das Oliveiras, cerca de um quilômetro de Jerusalém.
Acompanhavam o Redentor cantando hinos e agitando palmas. Ia aumentando a gente pelo caminho e, o cortejo, ao entrar em Jerusalém, parecia um triunfo! E perguntavam:
- “Quem é esse?”
E respondiam:
- “É Jesus, o profeta de Nazaré, aquele que ressuscitou Lázaro!”
Mas apesar daquela explosão de alegria popular, não faltaram para o Salvador motivos de tristeza.
O primeiro foi a inveja e o desdém dos fariseus. O povo recordando os milagres e todo o bem que Jesus tinha feito, gritava festivamente:
- “Bendito aquele que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino que vem do nosso Pai Davi! Hosana! Hosana! No mais alto dos Céus!”
Então eles, os inimigos, não podendo mais conter seu despeito, aproximaram-se do divino Mestre e lhe disseram:
- “Mestre, repreende os teus discípulos e manda que se calem!”
Ele respondeu:
- “Se eles se calarem, gritarão as pedras!”
A outra pena ainda maior para o coração do nosso Jesus: Enquanto descia da colina, abrangeu com o olhar a magnificência da cidade Santa. Era destinada a grandes glórias se tivesse aceitado seu Salvador!
Mas, o contrário, por sua obstinação no mal, devia ser destruída e o povo massacrado e disperso!
Mesmo a horrenda morte de Cruz do Messias, que se daria logo, para a sua redenção, de nada serviria. “Ai daquelas pobres mulheres, e ai daquelas pobres crianças!” e, àquele pensamento, o Mestre derramou quentes lágrimas.
Chegando em Jerusalém, subiu ao Templo, onde logo o rodearam os cegos, os coxos e todos quantos foram para se curar.
Mas, não lhes contei, que, entre a multidão, que veio para festejar Jesus, estava também grande número de crianças. Suas vozes claras sobressaiam das outras. Como é belo ouvir as vozes das crianças, no meio daquelas mais graves dos homens! E, quanto é mais belo, quando elas cantam em honra a Jesus! Aquelas de Jerusalém cantavam assim:
- “Hosana ao Filho de Davi! – Bendito o que vem em nome do Senhor!”
Hosana quer dizer “salve” e se canta para aclamar, como quando gritamos: “Viva! Salve! Glória!”
Jesus merecia este louvor especial por parte das crianças. Vocês sabem quanto Jesus as amou e as ama! Ele as queria ao redor de si. E, quando muito cansado, os Apóstolos, para fazê-lo repousar, cuidavam de afastar dele as crianças, dizia:
- “Deixai que as crianças venham a mim e não as afasteis, pois que o Reino de Deus é daqueles que se assemelham a elas. Em verdade vos digo, que, quem não receber o Reino de Deus como um menino, não entrará nele”.
E os abraçava e os abençoava, pondo suas sagradas mãos sobre suas cabeças.
Vocês devem saber com que palavras terríveis ele quis defender a inocência das crianças: “A todo aquele que for causa de escândalo a um só destes pequeninos, que creem em mim, será melhor que lhe fosse atada ao pescoço uma mó de moinho e fosse atirado no fundo do mar!” e, a fim de que todos se empenhassem em proteger as crianças, ele dizia que fazer o bem a elas era como se fizesse a ele mesmo:
- “Quem recebe um destes pequeninos em meu nome, a mim recebe”.
Não devem as crianças ser reconhecidas àquele que tanto as honra e protege? Ninguém jamais dissera uma palavra a seu favor. Antes dele e também onde ele não é conhecido, as crianças não têm proteção alguma e, por um capricho qualquer, são expostas à morte!
Os inimigos de Jesus não querem bem às crianças. Assim, no dia do seu triunfo, quando os bons meninos o aplaudiam, cantando hosanas, os príncipes dos sacerdotes e os escribas se indignaram contra elas e, aproximando-se do Mestre, diziam:- “Não ouves o que dizem estas crianças? Fazei-a calar!”
Mas Jesus lhes respondeu:
- “Sim, eu as ouço. Mas, não lestes que, “da boca dos meninos e das crianças de peito sairia o louvor?”
Não cessem, amigos, de louvar a Jesus, seu divino Amigo e Senhor! E se alguém quiser fazê-los diminuir seu entusiasmo nas manifestações públicas, gritem ainda mais alto: - “Viva o meu Jesus! Viva eternamente! Hosana no mais alto dos céus!”
P.César Gallina - A Pequena Bíblia
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