Mt 26; Mc 14; Lc 22; Jo 13-17
Agora vamos à narrativa da Última Ceia. Era a última vez que Jesus, durante sua vida mortal, comia com seus amados Apóstolos. Estava triste por dever deixá-los, entretanto desejava ardentemente morrer para a salvação deles e de todo o mundo.
Seu coração transbordava de ternura. Chamava de “amigos” de “seus filhinhos”. Pensava que, durante sua paixão, estariam perdidos e dispersos como as ovelhinhas, quando matam seu pastor. Fazia tudo para tranquilizá-los, repetindo-lhes, que “não os deixaria órfãos”. Ele iria pra a glória do Pai, preparar-lhes um lugar mas mandar-lhes-ia o Espírito Santo e voltaria.
“Eu vou”, dizia ele, “mas tornarei para vós”.
Quantas coisas maravilhosas disse Jesus naquela tarde e quantos ensinamentos preciosíssimos! Vocês poderão lê-los e aprendê-los no Evangelho de S. João, narrados com belas e comoventes palavras, desde o capítulo 13 até o 17. Em certo ponto, parece que se ouve a mesma voz de Jesus, quando diz:
“Eu vos dou um mandamento novo: - Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos amei, assim amai-vos uns aos outros. E por isto, todos reconhecerão que sois meus discípulos: pelo amor que tendes uns pelos outros”.
Mas é impossível dizer a vocês tudo o que aconteceu naquela tarde de quinta-feira, no Cenáculo.
Jesus antecipara de um dia, a celebração da Páscoa judaica, porque na tarde de sexta-feira seguinte, quando fossem imolados no Templo, os cordeiros, ele estaria já crucificado sobre a Cruz. Jesus é justamente, o Cordeiro que apaga os pecados do mundo.
A imolação do Divino Cordeiro é a nossa Páscoa e o seu precioso Sangue nos purifica e salva.
Mas, nós recordamos todos os dias a Última Ceia de Jesus, principalmente, porque, então nos foi dado o maior dom de seu coração – A Santíssima Eucaristia. Foi justamente naquela tarde memorável, que o amabilíssimo Redentor dos homens encontrou a maravilhosa maneira de permanecer entre nós, como companheiro, como vítima perene e como alimento celeste. Ele quis instituir o Santíssimo Sacramento do Altar e mandou, que fosse renovado, toda a vez que seus discípulos se reunissem.
Terminada a Páscoa antiga, Jesus tomou o pão, levantou os olhos para o Céu, a Deus seu Pai Onipotente, rendeu graças e bênçãos depois partiu-o e disse:
- “Tomai e comei. Isto é meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim” (Mt 26,26; Lc 22,19).
Depois tomando em suas Santas e veneráveis Mãos o cálice do vinho, rendeu graças e o deu a eles, dizendo:
“Bebei todos porque este é o meu Sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por muitos, em remissão dos pecados” (Mt 26,27-26)
Também S. Paulo quando fala da instituição da Eucaristia, (1Cor 11,24-26) disse que Jesus depois da Consagração prodigiosa do pão, acrescentou:
- “Fazei isso em memória de mim”. E depois da do vinho: - “Fazei isto toda a vez que beberdes em memória de mim”.
A Igreja desde os primeiros tempos não duvidou, um só momento, da realidade do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor, na Santíssima Eucaristia; e os Apóstolos estavam certíssimos da instituição do divino Sacramento e de poder perpetuá-lo até o fim do mundo, por meio dos seus sucessores e dos sacerdotes. Assim a Missa e a Santa Comunhão, foram o centro de todo o culto, de toda a prece e de todas as reuniões dos cristãos.
Eis por que todos os dias os sacerdotes celebram a Santa Missa. Eis por que todos os cristãos e também vocês, meus amigos, são convidados a comungar muitas vezes. É a vontade e a ordem do nosso Redentor. É o pão da vida santa e divina.
“Quem come este Pão viverá eternamente” (Jo 6,59).
Que esta vida sobrenatural se encontra naqueles que recebem a Eucaristia, nós o vemos pelos prodígios da caridade, que um número infinito de pessoas pratica, não vivendo mais para si, mas para o conforto e pra o bem do próximo. Assim fazem muitas Irmãs de caridade, muitos Religiosos e Missionários e também muitos, que vivem no meio das preocupações do mundo.
O instinto que todos temos é o de pensar em nós, em adquirir para nós e gozar por nossa conta; porém quem vive por Jesus, opera de modo contrário; e não por uma só vez ou por um dia, mas por toda a vida. Oh! que prodígio da vida divina na nossa pobre vida humana!
Mas para que a Santa Comunhão produza estes efeitos é necessário que nos aproximemos dela dignamente. E, antes de tudo, que sejamos verdadeiros amigos de Jesus. Judas estava no Cenáculo, perto do divino Mestre, junto com os apóstolos e era Apóstolo também; mas, não o era de coração e Jesus não admitiu na participação do seu Santíssimo Corpo e Sangue. Foi assim que, com grande pena, mandou-o sair. Vocês sabem como aconteceu:
A certo momento, Jesus disse com profunda tristeza:
-“Entretanto no meio de vós está um, que me trairá”.
A tal inesperada revelação, os Apóstolos, que amavam muito o divino Mestre, ficaram como que fulminados por um raio e disseram:
-“Mas quem será? Serei eu, Mestre? Serei eu talvez:”
E Pedro, impaciente por saber logo quem era, fez um sinal a João, que estava ao lado de Jesus para que lhe perguntasse em voz baixa. Jesus disse a João:
- “É aquele a quem eu der o pão molhado”.
Tomou, pois, um pedaço de pão, umedeceu-lhe no molho e o deu a Judas.
Oferecer um bocado com as próprias mãos era um ato de afeto e estima; mas Judas não se comoveu, nem se arrependeu. Assim, apenas engoliu o pão, entrou nele Satanás. Então o divino Mestre lhe disse:
- “Judas, o que pretendes fazer, faze-o depressa, isto é, põe fim ao teu inominável fingimento!”
Judas, vendo-se descoberto, com um pretexto, saiu; foi preparar a trama para prender o Mestre. Já antes, tinha contratado e combinado tudo, com os príncipes dos sacerdotes e outros inimigos, no Templo.
- “Quanto me dareis”, dissera, “para que eu vo-lo entregue?”
O preço foi de trinta moedas de prata, o preço de um escravo qualquer!
Vocês amam verdadeiramente Jesus, mas para a Santa Comunhão, ainda não basta. É preciso ter também muita caridade e muita humildade. Assim ensinou e ordenou ele mesmo, naquela tarde memorável!
Antes de dar aos Apóstolos seu Santíssimo Corpo e seu divino Sangue, levantou-se da mesa, pôs uma toalha a tiracolo, pediu uma bacia com água e, depois, quis baixar-se a lavar os pés de todos. Naquele tempo o serviço de lavar os pés dos patrões era dado aos servos da mais ínfima categoria. Os Santos Padres chamam esta humilhação de Jesus de “o grande exemplo”.
Voltando depois à mesa disse:
- “Compreendeste aquilo que fiz para vós? Se eu, que sou o Senhor e o Mestre, lavei vossos pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros”.
Por lavar os pés uns aos outros, entende-se fazer ao próximo todos os atos de bondade, mesmo que pareçam humilhantes perante o mundo. Praticar obras de misericórdia é o melhor preparo para receber Jesus. Se, nem sempre podemos ou não temos ocasião de praticá-las, os sentimentos do nosso coração para com os outros devem sempre ser igualmente humildes e amorosos. Então Jesus virá para nós e nos fará viver sua Vida divina. Que grande acontecimento este, o de participarmos da divina Vida!
Porque, a caridade de Jesus para conosco não tem limites, meus amigos, amemo-lo também muito e muito. Recebamo-lo muitas vezes na Santa Comunhão e digamos: Jesus, eu te amo! Jesus, faze-me viver a tua Vida!”
Chegando em casa, todos verão que vocês levam Jesus no coração, porque serão sempre mais humildes e melhores na família e no mundo.
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