"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Paixão do Senhor – Sua agonia no Horto das Oliveiras


Mt 16; Mc 14; Lc 22; Jo 18

É chegado o tempo de contar a vocês a Paixão do Senhor. Sei que desejam ardentemente conhecer esta história, porque é a do nosso Salvador. Nós o amamos e o pensamento de que ele sofreu tanto pra nos salvar, nos comove profundamente.

Os Santos pensavam todos os dias, em todos os momentos, nos sofrimentos de Jesus. Suas chagas era seu refúgio; o Sangue que delas corria, seu tesouro e o Crucifixo, seu livro, onde aprendiam todas as verdades. Tinham os olhos vermelhos pelo pranto. Alguns, como S. Francisco de Assis, traziam nas mãos, nos pés e sobre o peito as estigmas, isto é, por milagre, tinham impressas no corpo as cinco principais feridas do seu amado Senhor Crucificado.
Aprendamos também nós esta história do maior amor e da mais acerba dor.

Terminada a Última Ceia, Jesus saiu para o Horto das Oliveiras, também chamado Gtsêmani. Era quase meia-noite e brilhava a lua. Seus Apóstolos o acompanhavam, menos um. Vocês sabem quem era. Caminhavam lentamente e falavam baixo. Que grandes coisas tinham visto e ouvido naquela noite! E que Páscoa celebraram!
Vocês se recordam, que, abaixo de Jerusalém havia uma torrente chamada Cedron e que por lá passou Davi, acompanhado pelo povo, em pranto, quando foi perseguido por seu filho Absalão.
Pois bem, Jesus que ia para a morte, desceu também aquela torrente, atravessou a ponte e subiu pela colina até o Horto, ou Jardim das Oliveiras. Esse olival era cercado por um muro baixo de pedras, em cuja entrada havia uma cancela. Ali chegando, Jesus disse aos seus discípulos:
- “Ficai aqui enquanto eu vou mais além para rezar”.

Muitas outras vezes estiveram ali, para rezar e passar a noite. Disso sabia, bem, Judas, o traidor, que, naquele mesmo instante, estava dando instruções aos guardas e aos soldados para que tomassem cuidado e não deixassem fugir o Mestre.
Começava então a Paixão do nosso amado Salvador. Como o homem peca com a alma e com o corpo, Jesus quis sofrer tanto na sua santíssima Alma, quanto no seu inocentíssimo Corpo.
Primeiro sofreu na alma. Suportou a Paixão no Espírito e chegou à agonia da alma. Quem horrendo e incompreensível sofrimento foi aquele!

Jesus desejou apressar aquele momento, mas naquela tarde ficou impressionado com a iminência dos sofrimentos e, sobretudo, tão aterrorizado com as culpas dos homens, que teve, pela primeira vez, necessidade de ajuda. Invocou o socorro dos Apóstolos. Queria que eles rezassem e estivessem perto dele. 

O terror e a angústia se estampavam no seu rosto divino e chamou para si os mais fieis, os mais queridos: Pedro, Tiago e João e lhes disse:
- “Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo”.
Depois, indo sozinho um pouco mais adiante, caiu com a face em terra, suplicando ao Pai que afastasse dele aquele horribilíssimo cálice, isto é, a Paixão e dizia:
- “Pai meu, tudo é possível a ti! Afasta de mim este cálice; mas, não aquilo que eu quero, porém o que tu queres seja feito!”
O esforço que fazia era sobre-humano. Se a divindade ano o socorresse, teria morrido ali mesmo. Então o Pai celeste mandou um Anjo para confortar seu amadíssimo Filho.
Jesus jazia sob o rigor da divina justiça. Ele rezava cada vez mais intensamente e lutava. Um abundante suor o invade. Depois, de um momento para outro, aquele suor se transformou em gotas de sangue, que escorriam pela terra!
Não é espantoso? Certa vez, um jovem, vendo seu pai subir ao patíbulo, onde devia subir também, suou sangue, diante de toda a multidão!
No Horto das Oliveiras não havia cravos, nem os flagelos nem a lança, mas a agonia da alma já fazia jorrar o Sangue da expiação!
O divino Mestre, trêmulo, acabrunhado e desanimado, levantou-se e foi falar com os três Apóstolos. Mas, eles dormiam, e disse a Pedro:
- “Simão, tu dormes! Não pudeste vigiar uma hora comigo? Levanta-te e reza para não caíres em tentação. O espírito está pronto mas a carne é fraca”.
Depois de os ter admoestado e desculpado, Jesus voltou a rezar. Ele repetia já a prece de aceitação definitiva. Dizia:
- “Meu Pai, se este cálice não pode ser afastado de mim, sem que eu o beba, seja feita a tua vontade”.
E veio pela segunda vez ver os três discípulos. Dormiam ainda.

Sem uma palavra de revolta retomou sua oração. Que exemplo! Nós estamos sempre em dificuldades porque não rezamos, ou rezamos pouco. Se os Apóstolos tivessem rezado, teriam podido consolar seu amado Jesus e, pouco depois, não o teriam abandonado. Muitos não gostam de rezar! Não sabem a força suprema que a oração nos infunde!

Finalmente Jesus se levantou e veio pela terceira vez perto dos seus. Agora não estava mais amedrontado nem desanimado; mas majestoso e seguro de si, como antes da agonia. Tinha vencido! Era um gigante divino pronto a percorrer a via dolorosa a grandes passos. Disse pois aos Apóstolos; que já podiam dormir; não tinha mais necessidade da sua ajuda.
Depois, ouvindo o pisar das turbas, que, com archotes e espadas, vinham capturá-lo, disse: - “Levantai-vos e vamos! Eis que se avizinha o traidor!”

Jesus era verdadeiro homem e até porque era homem perfeitíssimo, sentia as dores, imensamente mais que qualquer de nó. Se bem que tivesse uma heróica fortaleza de ânimo, ei-lo de bruços, banhado em sangue! Pode-se fazer muito mal às pessoas, mesmo sem armas, e sem mover as mãos. Evitem agoniar os corações das pessoas que lhes são caras com seu abandono ou com sua má conduta. Digam a Jesus: “Ó meu Jesus, meu doce Redentor agonizante, ajudai-me a não fazer sofrer ninguém, nem mesmo involuntariamente”.

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