At 9,1-21
Era nascido em Tarso, na Cilicia, um jovem que, apesar de pequena estatura e ser doentio, tinha uma inteligência e uma coragem singular. Terminados os estudos na famosa escola da sua cidade e tornando-se habilíssimo nas letras e na arte de falar, foi para Jerusalém a fim de aprender a Escritura e a Lei, na escola do célebre doutor Gamaliel. E, porque pertencia à classe dos fariseus, observava com perfeição todas as práticas e tradições religiosas. Era, verdadeiramente, um jovem excepcional e de grande valor. Faltava entre os Apóstolos, um que fosse culto também nas letras profanas e pudesse assim, dirigir-se, eficazmente, aos pagãos e aos sábios do mundo.
E Jesus, Pessoa, o escolheu e o preparou para isso; tinha, de fato, chegado a hora da conversão dos gentios.
Seu nome era Saulo, mas porque tinha a cidadania romana, chamava-se Paulo, o sumo Apóstolo e o companheiro de S. Pedro.
Quando Jesus o chamou para trabalhar pela sua nova religião, não pensem que ele era bom, muito bom. Não, ao contrário, era o mais terrível perseguidor dos cristãos. Quanto mais ele era atacado nas suas tradições judaicas, tanto mais não podia tolerar que se difundisse a nova religião de Jesus. “Saulo devastava a Igreja, entrando pelas casas, arrastando homens e mulheres e fechando-os na prisão”. Ele mesmo contou ao rei Agripa, quanto fora inimigo de Jesus:
- “Eu tinha como dever opor-me com todas as forças ao nome de Jesus, o Nazareno. E assim, na verdade, o fiz em Jerusalém. Recebendo o poder dos príncipes dos sacerdotes, atirei na prisão muitos Santos, isto é, cristãos; e, quando eram condenados à morte, eu dava o meu voto. Assim também, muitas vezes andava de uma Sinagoga a outra, e, a força de castigo, os obrigava a blasfemar; e, cada vez mais enfurecido contra eles, eu os perseguia até nas cidades estrangeiras” (At 26,9-11).
Ora, este Saulo, que sempre inspirava ameaças e morticínios contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao Sumo Sacerdote e pediu-lhe uma carta de apresentação, para as Sinagogas de Damasco, a fim de poder trazer presos para Jerusalém todos os que encontrasse daquela doutrina, homens e mulheres.
E, quando ia chegando perto de Damasco, eis que uma luz do Céu, mais esplêndida que a do sol, o envolveu! E, caído por terra ouviu uma voz que lhe dizia:
- “Saulo! Saulo! Por que me persegues?”
Ele perguntou:
- “Quem és tu, Senhor?”
- “Eu sou Jesus que tu persegues, mas, seria duro para ti recalcitrar contra o aguilhão!”
Ele, tremendo e assustado disse:
- “Senhor, que quereis que eu faça?”
- “Levanta-te disse ele, entra na cidade e ali te dirão o que deves fazer”.
Ora, aqueles que o acompanhavam ficaram atônitos: ouviam a voz, mas não viam ninguém! Saulo levantou-se; tinha os olhos abertos mas não via. Então, foi conduzido pela mão, até Damasco. Lá ficou três dias sem ver e não quis comer nem beber.
Estava em Damasco um discípulo chamado Ananias ao qual o Senhor disse em visão:
- “Ananias!”
- “Eis-me aqui, Senhor”, respondeu ele.
E o Senhor lhe disse: - “Levanta-te, vai pela estrada chamada Direita e procura, na casa de Judá, uma pessoa de Tarso, que se chama Saulo. Eis que ele já reza e viu, em visão, um homem chamado Ananias, que entrou e impôs-lhe as mãos para recuperar-lhe a vista”.
Ananias responde: - “Senhor, desse homem ouvi dizer que fez grande mal aos teus santos em Jerusalém. E, dos grandes Sacerdotes tem autoridade para prender todos os que invocam teu nome!”
Mas o Senhor lhe disse:
- “Vai, porque ele é um instrumento escolhido por mim, para levar meu nome aos gentios, aos reis e aos filhos de Israel; de fato, lhe mostrarei quanto deve sofrer pelo meu Nome”.
Ananias foi, entrou na casa e impôs-lhe as mãos dizendo:
- “Irmão Saulo, o Senhor Jesus, aquele que te apareceu na estrada de Damasco, me mandou, a fim de que recuperes a vista e sejas pleno do Espírito Santo”.
No mesmo instante, caíram-lhe dos olhos como que escamas, e viu de novo. Então levantou-se e foi batizado. Depois tomou um pouco de alimento e recuperou as forças.
Esteve alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco e logo começou a pregar nas Sinagogas que Jesus era o Filho de Deus. E todos os que o ouviam, ficavam admirados e diziam: - “Não é este aquele que, em Jerusalém, perseguia a todos quantos invocavam esse nome, e veio aqui a fim de conduzi-los presos aos príncipes dos sacerdotes?”
Jesus tinha prometido estar sempre junto da sua Igreja e protegê-la até o fim. Vejam de que maneira ele soube manter sua palavra.
S. Paulo perguntou logo a Jesus o que devia fazer. Digamos também nós ao Senhor, nas nossas orações: “Senhor, que quereis que eu faça?”
Apesar de Jesus ter falado diretamente a Paulo, ordenou-lhe que fosse a Ananias em Damasco. O Senhor nos comunica, muitas vezes, os seus dons, também por meio de pessoas por ele escolhidas e, especialmente, por meio dos seus Ministros. Digam com fé e vivo desejo a Jesus: “Dai-me Senhor, um bom conselheiro e um guia na minha juventude!”
A Pequena Bíblia - P. César Gallina
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