"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Assunção corporal de Maria Santíssima



O que aconteceu com a Mãe de Jesus no fim de sua vida: ela teve uma morte corporal como a nossa? O que vem a ser a Assunção de Maria?


Dom Estêvão responde: 

Desde remota época, os autores cristãos julgaram que Maria Santíssima teve um fim de vida singular; em seus sermões e em escritos apócrifos professaram a glorificação corporal de Maria, logo após a sua morte na Terra.

Eis uma das versões mais expressivas: quando se aproximava o fim da vida terrestre de Maria, houve grande agitação na Igreja. Maria soube de antemão que estava para deixar este mundo. Os apóstolos também foram previamente avisados, de modo que se reuniram em Jerusalém. Quando lá chegaram, Maria já tinha morrido; abriram o seu sepulcro, que encontraram vazio. Cristo viera buscar a alma de sua Mãe Santíssima, que a arte bizantina representa sob a forma de uma criança enfaixada. A seguir, o corpo da Santa Mãe de Deus, gloriosamente ressuscitado, também foi assumido e levado a se reunir à respectiva alma no céu.

Glorificação em corpo e alma

Esses escritos foram fortalecendo a convicção dos cristãos de que Maria fora glorificada, em corpo e alma, logo depois da sua morte. A partir do século XI é comum se professar a Assunção gloriosa de Maria. Os teólogos procuraram as bases bíblicas para fundamentar tal crença; eis o que apontam:

1)      Maria é dita pelo Anjo Gabriel “cheia de graça”. Este é quase o nome próprio da Virgem – o Anjo não a chama “Maria” (ver Lc 1,28). Isto quer dizer que Maria nunca esteve sujeita ao império do pecado. Em consequência, não podia ficar sob o domínio da morte, que entrou no mundo através do pecado (v. Rm 5,12). Sendo assim, é lógico dizer que ela não conheceu a deterioração da sepultura, sendo glorificada não somente em sua alma, mas também em seu corpo. Como se vê, nem a Tradição nem os teólogos recusam a hipótese de Maria ter morrido; ao contrário, admitem-na. Se Cristo, o Santo de Deus, quis morrer, Maria também terá morrido.

2)      A carne da mãe e a carne do filho são uma só carne. Ora, Maria é a Mãe de Jesus, que foi glorificado em corpo e alma após ter morrido. Consequentemente, deve ter tocado a Maria a mesma sorte gloriosa que tocou a seu Divino Filho.
Através dos séculos, a crença na Assunção corporal de Maria se tornou tão comum e cara aos cristãos que muitas pessoas trazem o nome de Maria da Glória; muitas igrejas e instituições são dedicadas à Assunção de Maria.

Na primeira metade do século XX, os fieis católicos, tendo à frente seus Bispos, pediram à Santa Sé a definição do dogma da Assunção de Maria. O Papa Pio XII mandou estudar o assunto e resolveu proclamar o dogma em 1º de novembro de 1950.

A justificativa para essa definição de uma verdade de fé que não era contestada, foi a seguinte: numa época em que se vilipendia o corpo humano mediante genocídios, campos de concentração, degradação moral etc, afirmar a Assunção corporal de Maria é lembrar ao mundo a dignidade do corpo humano, chamado a ser templo do Espírito Santo e a ressuscitar um dia, participando da glória do céu.

É de notar que Pio XII se limitou a definir que “a Imaculada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, encerrado o curso de sua vida terrestre, foi assumida em corpo e alma à glória celeste” (Constituição Munificentissimus Deus). Pio XII não se referiu à morte de Maria, mas usou uma expressão bem ponderada: “Encerrado o curso de sua vida terrestre, foi assumida...” Assim, o Papa não quis dirimir a questão: Maria Santíssima passou pela morte corporal ou não?

A seguir: Morte e sepulcro em Jerusalém

Dom Estêvão Bettencourt O.S.B.
Católicos perguntam

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