O que aconteceu com a Mãe de Jesus no fim de sua vida: ela
teve uma morte corporal como a nossa? O que vem a ser a Assunção de Maria?
Dom Estêvão responde:
Desde remota época, os autores cristãos julgaram que Maria
Santíssima teve um fim de vida singular; em seus sermões e em escritos
apócrifos professaram a glorificação corporal de Maria, logo após a sua morte na
Terra.
Eis uma das versões mais expressivas: quando se aproximava o
fim da vida terrestre de Maria, houve grande agitação na Igreja. Maria soube de
antemão que estava para deixar este mundo. Os apóstolos também foram previamente
avisados, de modo que se reuniram em Jerusalém. Quando lá chegaram, Maria já
tinha morrido; abriram o seu sepulcro, que encontraram vazio. Cristo viera buscar
a alma de sua Mãe Santíssima, que a arte bizantina representa sob a forma de
uma criança enfaixada. A seguir, o corpo da Santa Mãe de Deus, gloriosamente
ressuscitado, também foi assumido e levado a se reunir à respectiva alma no céu.
Glorificação em corpo e alma
Esses escritos foram fortalecendo a convicção dos cristãos
de que Maria fora glorificada, em corpo e alma, logo depois da sua morte. A partir
do século XI é comum se professar a Assunção gloriosa de Maria. Os teólogos procuraram
as bases bíblicas para fundamentar tal crença; eis o que apontam:
1)
Maria é dita pelo Anjo Gabriel “cheia de graça”.
Este é quase o nome próprio da Virgem – o Anjo não a chama “Maria” (ver Lc
1,28). Isto quer dizer que Maria nunca esteve sujeita ao império do pecado. Em consequência,
não podia ficar sob o domínio da morte, que entrou no mundo através do pecado
(v. Rm 5,12). Sendo assim, é lógico dizer que ela não conheceu a deterioração
da sepultura, sendo glorificada não somente em sua alma, mas também em seu
corpo. Como se vê, nem a Tradição nem os teólogos recusam a hipótese de Maria
ter morrido; ao contrário, admitem-na. Se Cristo, o Santo de Deus, quis morrer,
Maria também terá morrido.
2)
A carne da mãe e a carne do filho são uma só
carne. Ora, Maria é a Mãe de Jesus, que foi glorificado em corpo e alma após ter
morrido. Consequentemente, deve ter tocado a Maria a mesma sorte gloriosa que
tocou a seu Divino Filho.
Através dos séculos, a crença na Assunção corporal de Maria
se tornou tão comum e cara aos cristãos que muitas pessoas trazem o nome de
Maria da Glória; muitas igrejas e instituições são dedicadas à Assunção de
Maria.
Na primeira metade do século XX, os fieis católicos, tendo à
frente seus Bispos, pediram à Santa Sé a definição do dogma da Assunção de
Maria. O Papa Pio XII mandou estudar o assunto e resolveu proclamar o dogma em
1º de novembro de 1950.
A justificativa para essa definição de uma verdade de fé que
não era contestada, foi a seguinte: numa época em que se vilipendia o corpo
humano mediante genocídios, campos de concentração, degradação moral etc,
afirmar a Assunção corporal de Maria é lembrar ao mundo a dignidade do corpo
humano, chamado a ser templo do Espírito Santo e a ressuscitar um dia,
participando da glória do céu.
É de notar que Pio XII se limitou a definir que “a Imaculada
sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, encerrado o curso de sua vida terrestre, foi
assumida em corpo e alma à glória celeste” (Constituição Munificentissimus
Deus). Pio XII não se referiu à morte de Maria, mas usou uma expressão bem
ponderada: “Encerrado o curso de sua vida terrestre, foi assumida...” Assim, o
Papa não quis dirimir a questão: Maria Santíssima passou pela morte corporal ou
não?
A seguir: Morte e sepulcro em Jerusalém
Dom Estêvão
Bettencourt O.S.B.
Católicos
perguntam
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