Esses frutos sobrenaturais são incontáveis, São Paulo menciona doze:
Caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência e castidade.
A caridade dedicada e operativa com os que convivem ou trabalham conosco é a primeira manifestação da ação do Espírito Santo na alma... Não existe sinal nem marca que distinga o cristão e aquele que ama a Cristo como o cuidado dos nossos irmãos e o zelo pela salvação das almas.
Ao primeiro e principal fruto do Espírito Santo segue-se necessariamente a alegria, pois aquele que ama alegra-se na união com o amado. É uma alegria que caracteriza o cristão e que permanece por cima da dor e do fracasso. O amor e a alegria deixam na alma a paz de Deus, que ultrapassa todo o conhecimento. Existe a falsa paz da desordem, como a que reina numa família em que os pais cedem sempre aos caprichos dos filhos, sob o pretexto de ter paz, ou como a da cidade que com a desculpa de não querer contrariar ninguém deixa que os malvados cometam os seus crimes. A paz, fruto do Espírito Santo, é ausência de agitação, é a tranquilidade na ordem, e é descanso da vontade na posse estável do bem. Esta paz pressupõe uma luta constante contra as tendências desordenadas das paixões.
Em face dos obstáculos, as almas que se deixam guiar pelo Paráclito produzem ainda como fruto... a paciência, que permite enfrentar com equanimidade, sem queixas nem lamentações estéreis, os sofrimentos físicos e morais que a vida traz consigo. A caridade está cheia de paciência; e a paciência é, em muitas ocasiões, o suporte do amor.
A longanimidade é semelhante a paciência. É uma disposição estável pela qual esperamos de ânimo sereno, sem amargura, e durante o tempo que Deus queira as dilações queridas ou permitidas por Ele, antes de alcançarmos as metas ascéticas ou apostólicas que nos propomos.
O Senhor conta com o nosso esforço diário, sem pausar, para que a tarefa apostólica dê os seus frutos. Se alguma vez esses frutos tardam em aparecer, se o empenho com que procuramos aproximar de Deus um familiar ou um colega parece estéril, devemos animar-nos com o pensamento de que ninguém que trabalho pelo Senhor, com reta intenção, o faz em vão. ‘Os meus eleitos não trabalharão em vão’. A longanimidade apresenta-se como o perfeito desenvolvimento da virtude da esperança.
Depois dos frutos que relacionam a alma diretamente com Deus e com a sua própria santidade, São Paulo enumera os que visam em primeiro lugar o bem do próximo. ‘Revesti-vos de entranhas de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, suportando-vos e perdoando-vos mutuamente.
A bondade de que o Apóstolo nos fala é uma disposição estável da vontade que nos inclina a querer toda espécie de bens para os outros, sem excetuar ninguém... amigos, inimigos, parentes e desconhecidos, vizinhos e gente distante. A alma sente-se amada por Deus e isto a impede de ter ciúmes e invejas, levando-a a ver nos outros, filhos de Deus, a quem Ele ama e por quem Jesus morreu.
A mansidão está intimamente ligada à bondade e à benignidade, e é como que o seu acabamento e perfeição.
Opõe-se às estéreis manifestações da ira, que no fundo são sinais de fraqueza. A caridade não se irrita, antes se expande com suavidade e delicadeza, apoiando-se numa grande firmeza de espírito. Aquele que possui este fruto do Espírito Santo não se impacienta nem alimenta sentimentos de rancor para com as pessoas que o tenham ofendido ou injuriado, ainda que sinta as asperezas dos outros, as humilhações. E assim com tudo isso Deus purifica as almas.
À mansidão segue-se a fidelidade. Fiel é a pessoa que cumpre os seus deveres, mesmo os mais pequenos, e em quem os outros podem depositar a sua confiança. nada é comparável a um amigo fiel, o seu preço é incalculável. Ser fiel é uma forma de viver a justiça e a caridade. A fidelidade é o resumo de todos os frutos que se referem às nossas relações como próximo.
Os três últimos mencionados por São Paulo dizem respeito à virtude da temperança, a qual... produz frutos de modéstia, continência e castidade.
Pessoa modesta é aquela que sabe comportar-se de modo equilibrado e justo em cada situação, e que aprecia os seus talentos sem os exagerar nem diminuir, porque sabe que são uma dádiva de Deus para serem postos a serviço dos outros.
Os dois últimos frutos são a continência e a castidade. São frutos que embelezam a vida cristã, que a preparam para entender as coisas de Deus, e que podem obter-se mesmo no meio de grandes tentações, se, se foge da ocasião e se luta com decisão, sabendo que a graça do Senhor nunca há de faltar.
Peçamos ao Senhor que envie o seu Espírito Santo e renove a face da terra; que derrame sobre nós seus Sete Dons, a base de nossa vida cristã, fortaleça através desses Dons, os carismas que deles derivam e nos torne mais apaixonados por Ele, mais apegados a sua Palavra, aos seus ensinamentos, mais fervorosos para com tudo o que se relacione a Ele.
Que Deus, no dia de Pentecostes, renove em nós o Amor, nos dê a sua Paz, nos fortaleça em nossa fé e imprima em nosso coração a sua marca, com seu corpo, sangue, sua alma, sua divindade... Que afaste de nós o inimigo de nossa fé, o desânimo, a dúvida...
Que nesse Domingo de Pentecostes possamos sentir o coração arder de animação com a sua Real Presença no meio de nós, através de seu Santo Espírito.
Vem Espírito Santo de Deus e transforma a nossa vida! Leva-nos, a todos, para Vós! Amém!
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