"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A ti, Senhor...

À ti, Senhor, que conheces os abismos da consciência humana, poderia eu esconder algo, ainda que não quisesse confessar-me? Eu poderia esconder-te de mim, mas nunca esconder-me de ti? Agora que meu pranto demonstra quanto me desagrado a mim mesmo, tu resplandeces a meus olhos e me agradas, e és amável e desejável, a fim de que eu me despreze e renuncie a mim mesmo para escolher-te a ti, e que eu não agrade nem a mim nem a ti, senão por teu amor. Portanto, Senhor, tu me conheces como sou, e eu já disse com que finalidade me confesso a ti. É uma confissão feita, não com palavras e com a voz do corpo, mas com o grito interior da alma e como clamor do pensamento, que teus ouvidos já conhecem. Confessar o que fiz de mal significa o desgosto que tenho de mim mesmo. Mas, quando confesso o bem que fiz, nada posso atribuir a mim próprio, pois tu, Senhor, “abençoas o justo”; no entanto, foste tu que o tornaste justo, de ímpio que era. Assim, esta confissão diante de ti é, ao mesmo tempo, silenciosa e não silenciosa. Cala-se a voz, grita o coração. Tudo que digo aos homens, tu já ouviste de mim; e de mim nada ouves que tu mesmo não tenhas dito antes.

Santo Agostinho – Confissões – X Livro
Página 265

Um comentário:

Alfa & Ômega disse...

Um luxo! Muito rico! Grande abraço!