A Igreja recebeu o poder de perdoar os pecados: “Aqueles a
quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” Jo 20,21.
Depois de os apóstolos receberem o Divino Espírito Santo, se
espalharam pelo mundo: pregando o Evangelho, batizando, perdoando.
Nos primeiros anos da Igreja era praticada a confissão pública.
Isto é, os cristãos que cometiam graves pecados públicos, se
arrependiam publicamente, e publicamente recebiam o perdão da Igreja, e eram
reintegrados no seio da Comunidade Cristã.
Ao tempo das grandes perseguições, de Nero, Diocleciano,
etc., muitos cristãos eram condenados a morte cruel, se não renegasse sua fé em
Cristo.
Muitos, em massa, forte na fé, não negavam a Cristo, mas
preferiam a morte. E foram milhares e milhares.
Muitos porém, com medo da morte, fracos na fé, e
influenciados pelos parentes, etc., renegavam Cristo e sacrificam os ídolos.
Outros, talvez, através de amigos entre os pagãos,
conseguiam o certificado de ter sacrificado aos ídolos, sem ter sacrificado, e
eram deixados em paz. Mais tarde, quando a perseguição terminara, os cristãos
que tinham sacrificado aos ídolos, queriam voltar, arrependidos, no convívio da
Igreja.
Antes, porém, deviam confessar seu pecado, publicamente,
pedir perdão publicamente, e publicamente recebiam o perdão da Igreja, e eram
readmitidos na Comunhão com os fieis.
Também aqueles que, para não morrer, sem sacrificar aos
ídolos, obtinham com amigos o certificado de ter sacrificado aos ídolos,
estavam com a consciência pesada, e iam confessar-se ao sacerdote, para receber
o perdão, secretamente, na confissão secreta, ou auricular.
O Bispo de Cartago, Cipriano, morto no ano 258, assim
escreve destes cristãos: - “QUÃO grande fé e que salutar temor manifestam
aqueles que, sem ter cometido o mal de sacrificar aos ídolos, ou de obter para
si um atestado de sacrifício (idolatria), tendo, porém, concebido a intenção de
sacrificar, vêm MUITO CONTRITOS CONFESSAR ISTO AOS SACERDOTES de Deus, e eles,
o dão a conhecer e, embora pequeninos e leves, sejam os seus ferimentos
(PECADOS) pedem o remédio que os cura (PERDÃO).
"Rogo-vos, portanto irmãos meus, que cada qual CONFESSE
a sua falta, enquanto ainda está neste mundo, enquanto a sua confissão ainda pode
ser aceita, enquanto a satisfação e a remissão POR MEIO DOS SACERDOTES ainda
são agradáveis a Deus”. São Cipriano De Lapsis, n. 28.
A DIDACHÉ é um livrinho de devoção dos primeiros cristãos,
um verdadeiro catecismo. Este catecismo estava nas mãos de todos os cristãos. Foi
escrito entre os anos 80 e 100 da era cristã.
No número 4 deste manual de religião, se ensina que a confissão
dos pecados deve ser feita publicamente “NA ASSEMBLEIA DA COMUNIDADE”.
E no número 14, quando fala da celebração da Eucaristia, no
dia do Senhor, isto é, no domingo, diz: “REUNIDOS NO DIA DO SENHOR, PARTI O
PÃO, DEPOIS DE PRIMEIRO TERDES CONFESSADO VOSSOS PECADOS, A FIM DE QUE VOSSO
SACRIFÍCIO SEJA PURO”.
São Clemente Romano, discípulo de São Paulo e São Pedro,
morto no ano 102 da era cristã, no Cap. 57, n. 1, da Carta aos Coríntios, assim
escreve: “Portanto, vós que causastes o início da rebeldia, SUBORDINAI-VOS AOS
PRESBÍTEROS, E DEIXAI-VOS CORRIGIR, PRA A PACIÊNCIA, DOBRANDO OS JOELHOS em
vossos corações. APRENDEI A SUBMETER-VOS DEPONDO A SOBERBA E A ORGULHOSA
ARROGÂNCIA DA L´NGUA, MAIS VALE ser pequenos e PERTENCER AOS REBANHOS DE
CRISTOO, DO QUE SER EXCLUÍDOS DE SUA ESPERANÇA APESAR DE PRESTIGIADOS”.
São Policarpo, morto no ano 156, sempre a relação à
confissão, assim escreve aos sacerdotes de Filipe: “NÃO SEJAM DUROS NO JUÍZO
(CONFISSÃO) sabendo que todos somos devedores do pecado”.
Também Santo Inácio de Antioquia, morto no ano 110, assim
escreve sobre a confissão: “O Senhor perdoa todos os que se arrependem. Se o
seu arrependimento o reconduz à unidade de deus e à comunhão com o Bispo”.
Não há dúvidas: A Igreja é Cristo continuado no mundo, que
batiza, que perdoa os pecados. A Confissão é o sacramento do perdão de Deus.
É Cristo quem o instituiu. É Cristo que perdoa ontem, como
hoje, como sempre.
Por meio da Igreja. Por meio dos seus sacerdotes.
Ele sabia que depois do batismo, o cristão podia voltar a
pecar e a se afastar dele. Por isso, o sacramento da Confissão nos recoloca na
comunhão com a Igreja e com Deus.
Há muitos que dizem: - “Eu me confesso a Deus, diretamente”.
Esta expressão não corresponde à vontade de Deus.
Para obter o perdão dos pecados, com certeza, sem ter mais
dúvidas, precisa ouvir a palavra de Cristo, que diz: - “Vai em Paz, teus
pecados te são perdoados”. Ou também: - “Nem eu te condeno, vai em paz, e
doravante não peques mais”.
As palavras externas são a confirmação do perdão, que nos
dão certeza do perdão de Deus.
“Confessar-se a Deus”, diretamente, sim, podem fazê-lo. Mas nunca
terão a certeza que Deus perdoou.
- As palavras do Senhor, são claras e não se prestam a mal
entendidos.
Os apóstolos receberam este poder de perdoar, exerceram este
poder, e o transmitiram aos seus sucessores.
a)
O Senhor deu aos apóstolos o poder de pregar,
ensinar, batizar. – “Ide pelo mundo inteiro...” E os apóstolos pregaram,
ensinaram, batizaram.
b)
Jesus deu aos apóstolos o poder de celebrar a
Missa: - “Fazei isso em minha memória”. E os apóstolos celebravam a “FRAÇÃO DO
PÃO”.
c)
Jesus deu aos apóstolos o poder de perdoar os
pecados: - “aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados”. E os apóstolos
perdoaram os pecados. Tudo isso a Igreja continua fazendo: ensinando,
perdoando, batizando. O Sacramento da penitência é o Sacramento do perdão de
Deus. O Sacramento da ressurreição do cristão, porque o reconduz ao convívio com
Deus e com os irmãos.
Frei Battistini - Meu Cristo Total Hoje
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