Mt 27,57-61; Mc 15,42-47; Lc23, 50-56; Jo 19,31-42
Jesus tinha expirado. Estava inerte aquele Operador de
milagres! Estavam fechados aqueles lábios, que proclamaram o novo Reino! Seus inimigos
podiam agora ser pagos e saciados! Podiam voltar para casa e celebrar sua
Páscoa em paz!
Mas, justamente porque naquela tarde começava a solenidade
da Páscoa, era preciso tirar, imediatamente, os cadáveres da cruz e
sepultá-los, sem distinção, em uma vala qualquer.
Pensem um pouco, meus amigos, o Sagrado Corpo de Nosso
Senhor atirado sob a terra, sem ao menos um lençol e ainda junto com aqueles
dois ladroes!?
As piedosas mulheres e os poucos discípulos que ficaram
fieis ao Divino Mestre, quiseram evitar esse horror. Suplicaram pois, a José de
Arimatéia, homem nobre e pertencente ao Sinédrio, que fosse pedir a Pilatos o
Corpo de Jesus.
Era costume entregar aos parentes e amigos, que o
solicitavam, o corpo dos justiçados.
Pilatos ouvindo o pedido de José de Arimatéia, admirou-se de
estar Jesus Já morto e, chamando o Centurião para certificar-se da verdade, deu
a permissão pedida.
Nesse meio tempo, alguns hebreus escrupulosos, na observância
da Lei, apresentaram-se também a Pilatos para pedir a quebra das pernas dos
dois ladroes, que ainda não tinham morrido. A quebra das pernas acelerava a
morte. Pilatos o concedeu e mandou soldados para isso. A Jesus que já tinha
morrido, nada fizeram; mas, um deles para assegurar-se melhor da sua morte,
enfiou uma lança no peito de Nosso Senhor, no lado esquerdo. E saiu dali,
sangue e água. As profecias aqui também se cumpriram: Uma dizia: “Eles olharam
naquele que tinham transpassado” (Zac 12,10).
Entretanto José tinha adquirido um lençol e voltava ao
Calvário, onde era esperado ansiosamente. A permissão fora conseguida. Podiam
pois, ao menos subtrair a ignomínia, aquele Sagrado Corpo; beijá-lo, abraçá-lo
e embalsama-lo. Os homens, com grande cuidado para evitar novo despedaçamento,
tiraram a horrível coroa de espinhos, depois, despregaram dos cravos aquelas mãos
e aqueles pés benditos e as mulheres prepararam os aromas, as faixas e o
lençol.
Vocês sabem que o lençol onde foi envolvido Jesus é chamado
com a palavra grega “síndrome” – O Sagrado Sudário. Os aromas foram comprados
por Nicodemos e em grande quantidade, cerca de trinta quilos.
Eis Jesus sobre os joelhos, entre os braços e sobre o coração
de sua Mãe. Como estava frio! Oh! quantas feridas e quanto sangue! Todo em
desordem aqueles cabelos louros; os olhos apagados, os lábios, lividíssimos e
depois, que tremendo corte sobre o peito até o coração!
Deixaram que aquela Mãe das dores, e não podia ser de outro
modo, ficasse um pouco abraçada ao seu Filhinho. Mas depois, deviam retirá-lo,
com doce insistência, porque ela sofria muito e o tempo corria. Assim, em
silêncio e quase sustendo a respiração, trabalhavam diligentemente preparando
as faixas. Pouco faltava para o soar das trombetas, que anunciariam o princípio
da Páscoa e a proibição de qualquer trabalho, principalmente com os mortos.
Felizmente, José de Arimatéia, ali perto, num jardim de sua
propriedade, tinha feito cavar, para ele, um sepulcro. Que oportunidade e que
honra, poder oferecê-lo ao Sagrado Corpo do Veneradíssimo Mestre!
Terminado o piedoso ofício de embalsamento, se bem que muito
às pressas, compuseram o cortejo fúnebre, como não houve e jamais haverá outro
igual!
Colocaram-no devagar, chorando e beijando-o mil vezes, no
interior do sepulcro cavado na pedra; depois, saindo do compartimento, fizeram
rolar a grande pedra, que fechava perfeitamente a abertura. Ficaram ali alguns
minutos e, em seguida, primeiro os homens depois as mulheres, com Maria
Santíssima, amparada por S. João, começaram a descer para a cidade. A Lei era
inexorável. A páscoa hebraica, tornada agora, um rito inútil e vazio, começava.
O verdadeiro e divino Cordeiro estava já imolado e a nossa Páscoa é Cristo.
A lança militar que abriu o lado de Nosso Senhor lhe
transpassou também o Coração! Assim nós, através da ferida do lado, devemos
penetrar até o Coração de Jesus. Insistentemente Jesus convida os homens a
refugiar-se naquele Coração, que os tem amado tanto!
Aceitem, amigos, o convite de Jesus e digam-lhe sempre:
“Para
minha defesa e para meu repouso, quero esconder-me no teu Sagrado Coração, ó
Jesus!”
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