"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

21. Concílio do Vaticano II (1962-65)


Como dito, o Concílio do Vaticano I ficou incompleto, deixando em suspenso diversas questões teológicas e pastorais.
Os Papas desde São Pio X (1903-14) pensaram em reativar os trabalhos do Concílio: todavia as circunstâncias não favoreciam tarefa de tal envergadura. Foi a coragem do idoso Papa João XXIII (1958-63) que convocou o 21º Concílio Ecumênico da história aos 25/01/1959). Este certame foi inaugurado aos 11/10/1962, sob João XXIII, e encerrado aos 7/12/1965, sob o Papa Paulo VI. Tinha em mira, de modo geral, realizar o aggiornamento ou a atualização da Igreja numa época em que os costumes e as mentalidades evoluem com rapidez surpreendente. O alcance deste Concílio foi enorme: sem perder o contato com a Tradição, os padres conciliares promulgaram dezesseis documentos (Constituições, Decretos, Declarações), que levaram em consideração os principais temas que se impunham à reflexão da Igreja. O Concílio teve índole eminentemente pastora, isto é, visou à vida cristã e à sua disciplina, em vez de se voltar para definições de fé ou de Moral. A abertura equilibrada dos documentos conciliares pode ser percebida em seus traços marcantes:
- renovação da Liturgia, que deveria ser celebrada em estilo mais comunitário e acessível aos fiéis;
- reafirmação da Igreja como sacramento, estruturado por Pedro e a hierarquia, sem deixar de responsabilizar, na medida precisa, todo o povo de Deus;
- abertura para os demais cristãos (protestantes, ortodoxos e outros) que não se acham em plena comunhão com a Igreja de Cristo entregue a Pedro e seus sucessores;
- declaração sobre a liberdade religiosa, que significa o direito, inerente a todo homem, de formar livremente a sua consciência diante de Deus e da fé;
- tomada de posição da Igreja frente às diversas facetas que o mundo de hoje lhe apresenta: família, comunidade política, economia, cultura, paz e guerra...
Em síntese, pode-se dizer que o Concílio do Vaticano II foi um das mais significativas realizações da Igreja nos tempos modernos, portadora de amplas consequências (das quais algumas foram menos felizes em virtude de falsa compreensão dos textos e da mente dos padres conciliares).
Dom Estêvão Bettencourt O.S.B.

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