"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Novíssimos... Céu, purgatório e inferno

Céu

A Bíblia não dá definições, nem de céu nem de inferno. Fala, de forma figurada, do céu como banquete de núpcias (Lc 14,15). As núpcias não celebram apenas um ato de simpatia sexual, mas a mútua entrega no amor. O banquete representa a comunhão entre os homens na amizade, na alegria e no gozo de viver.

Na condição terrena, o homem não pode ver Deus (Ex 33,18-23). Só podemos, pela fé, ver os sinais de sua presença e ação. No céu o veremos face a face e, então, poderemos conhecê-lo, senti-lo e amá-lo em profundidade.

Céu não é lugar, mas estado de vida em completa realização (1Cor 2,9). É a realidade transterrestre, constituída pela presença de Deus, na qual o ser humano conhecerá o mistério de Deus. É a situação daqueles que se encontram no amor de Deus, fato que possibilita a realização de todo o anseio de felicidade. Céu é o estado de vida em que se manifesta, com toda a força, a expressão benditos do meu Pai (Mt 25,34).
Portanto a atitude de amar a Deus, como resposta livre à proposta de amor feita por ele, conduz o homem ao auge da felicidade e realização.
Inferno

Muitas pessoas são levadas a pensar que o inferno não existe, ou que, se Deus é bom, não pode condenar ninguém. Não há dúvida de que Deus infinitamente bom, que ele nos ama com amor eterno. Mas também é verdade que é infinitamente justo. Jesus é muito claro ao afirmar que a recompensa é eterna assim como o castigo é eterno e que não há possibilidade alguma de retornar (Lc 16,19-31). A Bíblia fala do inferno como situação de sofrimento, como fogo inextinguível (Mc 9,43-48), como trevas (Mt 22,13), como perdição e condenação eterna (Mt 7,13).
O homem pode ter vivido de tal forma que sua existência significa fundamentalmente egoísmo e desamor. A visão perfeita da oportunidade irrecuperavelmente perdida é a pior das torturas, porque o sofrimento do espírito é mais doloroso do que o sofrimento físico. É a frustração total do ser humano, porquanto, criado por Deus e para Deus, não mereceu estar na sua presença. Esse estado de frustração e sofrimento constitui o inferno.

Purgatório (purificação)

Cada pessoa deve atingir a plenitude humana e divina no amor, isto é, deve amadurecer e fazer de si imagem igual o protótipo de todo homem, Jesus Cristo (Ef 4,13-16).
Purgatório é a possibilidade que Deus concede à alma humana de madurar completamente. É processo doloroso no qual a alma se purifica de toda a alienação pecaminosa. É graça e não castigo. Mesmo que haja sofrimento para a purificação, há alegria por sentir-se salvo e destinado à eternidade feliz.
Não há nenhuma passagem bíblica que fale diretamente do purgatório. É conclusão teológica, a partir de alguns textos. Deve haver processo de crescimento na vida cristã (Fil 3,12-16) pelo qual se atinge o estado de homem perfeito (Ef 4,13). Os fiéis menos fervorosos também se poderão salvar (1Cor 3,11-15).
Purgatório não é lugar, mas purificação. O confronto com Deus deixa a alma transparente: todo o mal acumulado e todo o egoísmo se tornam manifestos. O homem deve abrir-se totalmente para arrancar de si todo o mal, entregar-se totalmente, romper todas as seguranças pessoais e abandonar-se em Deus.
Vista assim, a morte é o dom total do Pai, como Cristo fez: pode parecer doloroso, mas é a salvação.
Neste momento há a luta com o próprio egoísmo e com as forças que ele construiu durante a vida. Purgatório é este processo de abertura para Deus, o arrancamento do egoísmo, a purificação do pecado e a entrega total a Deus, porque ninguém pode viver com Deus sem pertencer totalmente a ele. (Roque Brugnara)

Ainda pesquisando, encotrei mais duas citações bíblicas em que se baseia a Igreja para justificar a existência do Purgatório:

“Mas, se o tal administrador imaginar consigo: ‘Meu senhor tardará a vir’. E começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar (…) e o mandará ao destino dos infiéis. O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes”. (Lucas 12,45-48)

“Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo”. (Mateus 5, 25-26)

Concluindo: Sim, a Igreja ensina que a purificação no Purgatório traz grande sofrimento para as almas que o habita, mas difere grandemente do sofrimento terrestre, na medida em que estas almas têm a certeza de que entrariam, brevemente ou não, no Paraíso. A Igreja ensina que os habitantes da Terra (os vivos), através de sacrifícios, sofrimentos, orações, missas e boas obras e indulgências, podem ajudar os seus irmãos que estão no Purgatório a aliviarem o seu sofrimento e acelerarem a sua purificação. Daí o conceito de comunhão dos santos.
No fim do mundo, o Purgatório desaparecerá, com todas as almas que lá se encontram a entrarem no Paraíso, depois de longas purificações. (Wikipédia)
Imagem Purgatório - Wikipédia
Imagem Inferno - Wikipédia - Ilustração medieval do inferno no Hortus deliciarum, manuscrito de Herrad de Landsberg (cerca de 1180).

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