
E Vos peço que aqui sempre estejais comigo,
Tanto na doce paz, quando reina a alegria
De um céu primaveril, brilhando todo dia,
Como na provação – tal qual noite de inverno
Em que a tortura da alma é como um negro inferno!
Quando todos e tudo, em confuso motim,
Levantam-se de vez, agindo contra mim.
Livrai-me da traição e de tantos perigos
Que podem advir nos meios inimigos.
E se tal é o caos da enorme tempestade
Que vem contra a minha alma em tanta intensidade,
Sede Vós meu amparo e escudo protetor,
Jesus, meu sumo Bem e amável Redentor.
Quando atroz abandono estiver iminente,
Dai-me alento e calor para que tudo enfrente,
Afastando o temor que traz minha alma presa,
E não se me revolte à fraca natureza.
Vosso amor, ó Jesus, é cheio de doçura
E faz dissipar da alma o pesar e a amargura.
Vossas palavras são a causa de atrair
A quem do Livro Santo as páginas abrir,
E procurar sorver a doutrina paterna
Que guia a humanidade ao céu, à vida eterna
Quão doce é estar convosco ó divino Senhor,
- Disse o Apóstolo Pedro em o monte Tabor,
- Tal a sublimidade e o gozo da visão
Que lhe foi dada ver na transfiguração.
Tentáveis descansar nos desertos, nos ermos
E as turbas logo após, conduzindo os enfermos
Vos seguiam buscando a saúde e a verdade
Emanadas de Vós, da Vossa Divindade.
Quantos por Vos ouvir e a vossa face ver,
Esquecidos de si, ficavam sem comer!
Vossa doutrina santa, ó meigo Salvador,
Foi fundada no puro, imenso e eterno amor:
- Amor ao nosso Deus – à adorável Trindade
E a todos os irmãos da sã fraternidade.
O vosso santo amor é desinteressado,
Pois que, sendo o infinito e bem-aventurado,
Criador do universo e de tudo o que existe,
- Aturais o desprezo e vosso amor persiste.
Gozais na eternidade a suprema ventura,
E mendigais o amor da vossa criatura.
- Quanto devemos nós amar-Vos, ó Jesus!
Quão indigno e ingrato é o que foge da luz
Que, de Vós, sempre emana, enleva e persuade,
Para entregar-se ao mundo, à voluptuosidade!
A prova mais real do vosso amor, Jesus,
Nos mostrais no Sacrário e na sagrada Cruz:
Naquele, aqui ficais no Pão Sacramentado,
E nela a vossa morte extinguiu o pecado.
No Sacrário, onde estais nas espécies presente,
Dais a vida da graça ao homem penitente.
Na cruz, destes por nós o vosso Sangue e a Vida,
E abriste-nos o céu, a glória prometida!
De todos sois, Jesus, o melhor Pai e Amigo
E o que Vos procurar, mesmo o vosso inimigo,
Desde que se aproxime em verdadeiro amor,
- Encontra em Vós, o Pai, o Amigo, o Redentor.
Bem sei, meu bom Jesus, que há de ir, meu pobre ser,
Perante o vosso trono, após aqui morrer.
Importa-me atalhar os caminhos nevoentos,
Para atingir a luz dos Santos Mandamentos,
E as graças implorar por meio de orações,
Do delito evitando as más ocasiões.
Quero que Vós sejais meu amigo ideal
E que possa pedir que me livreis do mal,
Do pecado e de tudo o que vos desagrade,
Em menosprezo e ofensa à vossa ubiquidade.
- Eu Vos rogo, ó Senhor, que ao terminar do dia,
Quando a noite descer caliginosa e fria,
À montanha, subindo, ao final patamar,
Nesta última porção do meu jornadear...
- Não passeis!... Já é tarde..., esvaece-se a luz.
E ficai junto a mim, para sempre, ó Jesus!
(Frei Elias Medeiros Ferro O.CARM. - Poesias Escolhidas - Bahia)
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