"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

segunda-feira, 1 de março de 2010

30 de junho de 1968 - Palavras do Santo Padre, o Papa Paulo VI...

EM 30 DE JUNHO DE 1968, O SUMO PONTÍFICE, PAULO VI PRONUNCIOU UMA SOLENE PROFISSÃO DE FÉ PELO ENCERRAMENTO DO CHAMADO "ANO DA FÉ" E O 19º CENTENÁRIO DO MARTÍRIO DOS SANTOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO.


Vale a pena lermos; é simplesmente belo e profundamente solene. Nestes difíceis tempos que vivemos precisamos resgatar palavras inspiradas por Deus para que nossa fé vá se fortificando, embora as dificuldades que encontramos no mundo, para que Ele seja conhecido em toda sua Verdade e Sacralidade.

A Profissão de Fé será postada por partes.
Assim começa o texto de apresentação:

Veneráveis Irmãos e Irmãs e diletos Filhos

1 – Encerramos, com esta Liturgia solene, tanto a celebração do XIX centenário do martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, como este ano que denominamos “Ano da Fé”. Nós o dedicamos à comemoração dos Apóstolos, não só com a intenção de testemunhar nossa vontade inquebrantável de conservar sem corrupção o depósito da Fé 1 que eles nos transmitiram, senão também para confirmar o nosso propósito de relacionar a mesma Fé com a vida dos tempos atuais, em que a Igreja deve peregrinar no mundo.

2 – Sentimo-nos na obrigação de agradecer publicamente a todos os fieis que responderam ao nosso convite, fazendo com que o “Ano da Fé” produzisse o máximo de frutos, quer por uma adesão mais profunda à Palavra de Deus, quer pela renovação da profissão de fé em muitas comunidades, quer pela confirmação da própria fé, com o testemunho de uma vida autenticamente cristã. Por isso, ao mesmo tempo que expressamos nosso reconhecimento, sobretudo a nossos irmãos no Episcopado e a todos os filhos da Santa Igreja, queremos dar-lhes nossa Bênção Apostólica.

3 – Julgamos ainda que devemos cumprir o mandato, conferido por Cristo a Pedro, de quem somos Sucessor, embora o último na ordem dos méritos, a saber: o de confirmar na fé os irmãos.2 Portanto, ainda que estejamos conscientes de nossa pequenez, contando porém com toda a força desse mandato que nos impele, vamos fazer uma profissão de fé, recitar uma fórmula de “Credo” que, embora não se deva chamar estritamente definição dogmática, contudo repete, quanto à substância, a fórmula de Nicéia – a fórmula da imortal Tradição da Santa Igreja de Deus – com algumas explicações exigidas pelas condições espirituais de nossa época.

4 – Ao fazer isto, bem sabemos que perturbações em relação à fé agitam hoje certos grupos de homens. Eles não escaparam à influência de um mundo que se está transformando profundamente e no qual tantas verdades são postas em discussão ou totalmente negadas. Mais ainda: vemos que até alguns católicos se deixam dominar por uma espécie de sede de mudança e novidades. A Igreja, sem dúvida, julga ser de sua obrigação continuar sempre o seu esforço em penetrar mais e mais os insondáveis mistérios de Deus, ricos de tantos frutos de salvação para todos, e em apresentá-los ao mesmo tempo, de modo cada vez mais apto, às gerações que se sucedem. Mas é preciso juntamente empregar o máximo cuidado a fim de que, ao cumprir o necessário dever da investigação, não se destruam verdades da doutrina cristã. Se isto acontecesse – e vemos dolorosamente como hoje de fato acontece – iria causar perturbação e dúvida no espírito de muitos fieis.

5 - A este respeito, muito importa advertir que, além daquilo que se pode observar e reconhecer cientificamente, a inteligência que Deus nos deu atinge o que é, e não só as expressões subjetivas das chamadas estruturas ou da evolução da consciência humana. Alias devemos lembrar que pertence à interpretação ou hermenêutica, depois de examinar a palavra que foi pronunciada, procurarmos compreender e distinguir o sentido subjacente a qualquer texto, e não inventar de certo modo esse sentido, segundo hipóteses arbitrárias.

6 – Acima de tudo, porém, confiamos firmissimamente no Espírito Santo – alma da Igreja – e na fé teologal, em que se sustenta a vida do Corpo Místico. Por outra parte, não ignorando que o povo espera a palavra do Vigário de Cristo, correspondemos a essa expectativa com alocuções e homilias, que proferimos bem frequentemente. Hoje, todavia, se nos oferece a oportunidade para pronunciar uma palavra mais solene.

7 – Neste dia, que escolhemos para encerramento do “Ano da Fé”, nesta solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, queremos prestar à Majestade Suprema de Deus a homenagem de uma profissão de fé. E como outrora, em Cesaréia de Felipe, Simão Pedro em nome dos Apóstolos, à margem das opiniões humanas, confessou ser Cristo verdadeiramente o Filho de Deus vivo, assim também hoje o seu humilde sucessor, Pastor da Igreja universal em nome de todo o Povo de Deus, eleva a sua voz para dar firmíssimo testemunho da Verdade divina, que só foi confiada à Igreja para que ela a anuncie a todas as nações.

Queremos que esta nossa profissão de fé seja suficientemente explícita e completa para satisfazer, de maneira adequada, à necessidade de luz que angustia a tantos fieis e a todos aqueles que no mundo buscam a Verdade, seja qual for o grupo espiritual a que pertençam.

Portanto, para a glória de Deus onipotente e Senhor nosso, Jesus Cristo; confiando no auxílio da Santíssima Virgem Maria e dos Bem-aventurados Pedro e Paulo; para utilidade e progresso espiritual da Igreja; em nome de todos os sagrados Pastores e de todos os fieis cristãos; em plena comunhão convosco, irmãos e filhos caríssimos; vamos pronunciar agora esta profissão de fé.
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1. Cfr. 1Tm 6,20.
2. Cfr. Lc 22,32

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