"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Dando continuidade a “A Igreja dos novos ateus”.


2. Que dizer?

Proporemos os quatro seguintes pontos:

2.1. Observações de ordem geral
Os novos ateus nada de novo propõem; as suas objeções levantadas contra a Religião já foram muitas vezes dissipadas em PR; ver PR 160/1973, p. 147; 502/2004, p. 160. Notemos apenas que o ateísmo é o resultado não de um raciocínio, mas sim de uma opção que a criatura faz por motivos diversos. Tal opção parece condizer muito pouco com a genuína índole do ser humano, visto que somente 2,5% a proferem. Na verdade não se pode provar que Deus não existe, ao passo que se prova que Ele existe.
2.2. Religião é um mal ou um bem?
A Religião bem entendida, enquanto é um “religar o homem com o Infinito e Absoluto”, é um bem; corresponde à sede que todo homem experimenta, de vida plena, de Verdade sem erro, de amor sem traição... Por isto todo ser humano traz em si uma religiosidade inata, que se exprime nos diversos. Credos da humanidade. Se houve guerras religiosas, estas se devem não aos imperativos da Religião, mas à interpretação que a esta foi dada no decorrer dos séculos. Quem condena a Religião por causa das distorções que os homens lhe infligiram, condenará também a ciência, pois ela ocasionou a fabricação da bomba atômica e de armas poderosas que ameaçam a humanidade.
Já se tem averiguado que as pessoas religiosas são mais longevas do que as não religiosas, pois levam uma vida mais confiante e esperançosa. Isto se entende bem mediante a comparação com a agulha magnética; esta é atraída pelo seu Norte e não descansa enquanto não repousa nele. Todo ser humano é como essa agulha; sente-se inquieto e agitado porque nada do que seus olhos contemplam lhe satisfaz. Somente quando se volta para a Transcendência, descansa e vive em paz. Ver PR 530/2006. P. 368.
Mesmo considerada do ponto de vista meramente humano, a Religião é um fator educacional de primeira grandeza; ela morigera ou ensina bons costumes.
2.3. A fé
Os primeiros seres humanos podem ter concebido a fé por medo e ignorância. Hoje, porém, existem grandes vultos da ciência e da cultura que professam um Credo; já não é por medo que o fazem, mas pela intuição do mistério...; este mundo, com sua harmonia e beleza, aponta para o Mistério de um Criador vislumbrado na penumbra da fé. São felizes aqueles que percebem a existência desse mistério, fonte de tudo o que é bom neste mundo.
Os capítulos 1-3 do Gênesis, que os ateus ridicularizam por causa de seus antropomorfismos, não hão de ser tomados ao pé da letra, como se depreende da comparação dos mesmos com textos na antiga literatura oriental; o que a fé ensina, é que a matéria não é eterna, mas foi criada por Deus, que lhe terá dado as leis da evolução, e que cria também os seres espirituais, pois estes não são produto de evolução. Supostas estas premissas, a fé não rejeita as teorias da ciência que tentam explicar a formação do mundo como hoje ele é:
Pesquisas genéticas recente revela que 98,5% do DNA humano é igual ao do chimpanzé”. Acontece, porém, que o corpo do homem, próximo ao do chimpanzé, e animado por um princípio vital essencialmente diverso do que vivifica o macaco: é espiritual e aberto para a Transcendência, e também imortal, ao passo que o princípio vital do macaco é material e mortal, limitado aos valores sensíveis apenas.
2.4. Um mundo sem Deus
Seria melhor do que com Deus? Não é de crer. Existe em todo ser humano uma tendência ao egoísmo o a fazer-se o centro de suas atenções. Tal tendência se manifestou frequentemente durante a história da humanidade. O egoísmo leva a litígios e quebra a solidariedade harmoniosa entre os indivíduos. Com outras palavras: após o pecado original dos primeiros pais, o ser humano é movido por tendências desregradas que o lançam na desgraça e que a Religião procura coibir.
Não adorar a Deus, mas admirar a beleza deste mundo é incoerência, pois toda a formosura do Makro e do mikrokosmos tem sua fonte na Beleza subsistente do Criador. Contemplar uma bela pintura é entrever a genialidade do respectivo pintor; assim também contemplar a beleza do criado é entrever a genialidade do respectivo Artífice.
No Código de Ética atéia do marxismo, não existe o preceito do amor ao próximo; o ser humano é comparado a uma peça de carvão que deve queimar-se na locomotiva da humanidade para que o conjunto vá adiante às custas do sacrifício dos seus componentes individuais.
Em suma, pode-se dizer que o mundo sem Religião careceria do grande referencial que dá sentido à luta do homem; degeneraria em caos, no qual se realiza o que os filósofos outrora já notavam: “Homo homini lúpus. O homem é lobo para o homem”. É a Religião (não a crendice nem a superstição) bem entendida que refreia as paixões desordenadas de seus seguidores.
3. Conclusão
O fenômeno do ateísmo militante interpela vivamente os cristãos. Com efeito, já se tem observado que uma das causas do ateísmo é o contra-testemunho dado por cristãos, que não vivem à altura de sua sublime vocação.
Ao tomar consciência do fenômeno, o cristão se examina procurando averiguar a sua parte de responsabilidade no surto do ateísmo contemporâneo. Seja este o fruto positivo da reflexão que a história de nossos tempos nos sugere.
PERGUNTAS E RESPOSTAS DE UM ATEU, EM BREVE...

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