"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Oração de filhos...


Chega a hora em que, ao longo do dia-a-dia, somos tomados pelo impulso de comunicar com Deus e de rezar. Mas este impulso não é isento de perigos. Pode ser o perigo de nos reduzirmos a pessoas que lançam em cima de Deus a responsabilidade dos problemas nossos e do mundo; ou o perigo de reduzirmos Deus a um bem de consumo ou a tapa-buraco de nossa incompetência e de nossa preguiça...

De fato nossa oração é mais esforço para dobrar Deus à nossa vontade, do que esforço para nos dobrarmos a fazer a vontade de Deus. É mais oração de mendicância do que de colaboração. É mais oração de escravos do que de filhos.

Repensando na oração que o Senhor nos ensinou, precisamos entender que não é bom apresentar-nos a Deus sempre como esmoleiros, como mendigos ou como gente que nunca tem nada para oferecer e que só espera receber. Ao passo que, se de muito estamos necessitando, também temos muito para doar.

Deus nos criou não apenas em condições de rezar pelo advento de seu Reino, como também em condição de colaborar para que este Reino se torne por todos conhecido. Fez-nos capazes não só de pedir não só o pão de cada dia, como também de multiplicar o pão e de reparti-lo entre os irmãos. Colocou-nos neste mundo não só como sujeitos a precisar de ajuda, mas também como sujeitos capazes de ajudar. E deu-nos não apenas a felicidade de receber o perdão de nossas culpas, como também nos entregou o poder de administrar o perdão aos irmãos...

É uma oração de filhos que Jesus nos ensinou. E é como filhos que devemos rezar: mais interessados em ouvir a voz de nosso Pai do que em falar; mais disponíveis para buscar a vontade dele do que a nossa; mais alegres em doar do que em receber. E não precisamos ter medo de rezar assim, pois não ficaremos de mãos vazias...

Padre Virgílio, ssp

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