Enunciaremos duas posições do ateísmo frente às ciências cosmológicas.
2.1. Os antigos gregos e o século XIX
Na sua carência de conhecimento de astronomia, os antigos pensadores gregos (os pré-socráticos, Platão, Aristóteles, Plotino e outros...) afirmavam que o universo é divino; os astros seriam substâncias divina, isentas de evolução, de história, de envelhecimento; o universo não teria início nem fim, mas seria o Ser Absoluto.
Esta posição é insustentável aos olhos da ciência moderna. Não obstante, no século XIX era defendida por pensadores como Marx e Engels. Este, por exemplo, restaurou a concepção dos antigos gregos; o universo estaria em movimento cíclico eterno; o universo seria o Ser Absoluto, para o qual não se deve procurar começo nem fim nem envelhecimento. O princípio de Carnot-Clausius, que estabelece a entropia ou a degradação da energia, foi ignorado conscientemente por Engels. Friederich Nietzsche (+ 1900 fez o mesmo: retornou o tema mitológico do eterno retorno, difundido não só na civilização grega, mas em outras culturas antigas; em nome desse mito, rejeitou com horror a ideia de um universo cuja história fosse linear, progressiva e irreversível; aliás, para Nietzsche, o universo é um caos destituído de toda forma. Augusto Comte (+ 1857), outro ateu do século XIX, proibiu aos seus discípulos o estudo da análise do espectro, mediante o qual se pode perceber a composição física e química das estrelas.
Como se vê, o problema para os pensadores ateus do século XIX era o de integrar os dados das ciências experimentais na sua filosofia concebida abstratamente ou preconceituosamente. Em vez de reconhecer as conclusões filosóficas a que levavam as pesquisas cosmológicas, distanciaram-se destas, proclamaram o ateísmo pré-concebido como dogma ou como a única filosófica científica possível. O ateísmo foi, sim, o dogma do século XIX.
A seguir 2.2. No século XX: divórcio entre ciência e ideologia
Dom Estêvão Bettencourt O.S.B.
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