Uma vez afastado o verdadeiro Deus, o homem a quem devia
obedecer? A quem devia seguir? Quais as diretrizes, os mandamentos que devia
praticar para viver em sociedade, de modo justo e decente? A conclusão é óbvia
e lógica, pois na verdade, o que dominava na sociedade era a força bruta, a violência,
o orgulho. Da misericórdia, da piedade, da justiça não se conhecia nem o
significado. O homem, levado pelo seu egoísmo e pela força de dominar o
próximo, conseguiu construir grandes impérios sobre os cadáveres dos mais
fracos e pacíficos.
Mesmo ao tempo de Cristo a maior parte do globo conhecido
era dominado por uma força brutal que não dava espaço ao inerme.
O egoísmo, fruto do pecado, levava o homem a possuir sempre
mais a detrimento do pobre, da viúva, da criança, dos mais indefesos.
Até entre o povo de Israel, o povo ao qual Deus tinha ditado
a sua Lei, o egoísmo selvagem e a exploração do pobre se agigantavam de modo
assustador.
A tal modo que os profetas, bem antes da chegada do
Salvador, gritava, em nome de Deus: “De que serve a mim a multidão das vossas
vítimas? Já estou farto de holocaustos de cordeiros e da gordura de novilhos
cevados.
Eu não quero o sangue de bezerros e de bodes...
De nada serve trazer estas vãs oferendas. Quando multiplicai
vossas preces eu não ouço...
Cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem.
RESPEITAI O DIREITO, PROTEGEI O OPRIMIDO.
“FAZEI JUSTIÇA AO ÓRFÃO, DEFENDEI A VIÚVA” Is 1,11-20.
O apego exagerado aos bens da terra escraviza totalmente o coração
do homem e lhe impede de amar a Deus e o leva a explorar o próximo. Esta é uma
constante em todos os povos e também dentro do povo eleito.
Por isso Jesus foi levado a dizer: “É mais fácil um camelo
passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus” Mt
19,24.
“Rico”, aqui significa não aquele que tem muitos bens e vive
desapegado deles, mas o que está agarrado aos bens materiais de modo selvagem e
exclusivo, como se fossem seu deus.
Os ricos ao tempo de Cristo, eram os que “devoravam” as
casas das viúvas e “oprimiam” o pobre e lhe sugavam até o último centavo. Por isso
Jesus assim os tratava: “Ai de vós ricos, porque já tendes a vossa consolação. Ai
de vós que agora estais saciados, porque tereis fome” Lc 6,24-25.
São Paulo coloca a causa de todos os males, inclusive da
perda da fé, no amor exagerado às riquezas: “A Raiz de todos os males é a
cobiça do dinheiro, na qual, espasmando, alguns desviaram-se da fé,
atormentando-se com muitas aflições” 1tm 6,10.
O orgulho, a força bruta, o apego exagerado aos bens da
terra, levaram o homem a desprezar os mais fracos e a escravizá-los de modo
indigno.
A criança estava a mercê dos pais ou dos donos. O velho era
desprezado. A mulher era considerada mercadoria.
Em certos povos, como até hoje, ter uma mulher só é símbolo
de pobreza. Ter muitas mulheres é símbolo de riqueza.
O pobre era considerado lixo. O doente não tinha mais vez.
O mundo que abandonou o seu Único Criador e se voltou para
os ídolos por ele fabricados, só conhecia esta lei: A lei do mais forte, do
mais rico, do mais astucioso. E a humanidade estava pobre também sob este ponto
de vista.
Questionamento: Depois de mais de vinte séculos de
cristianismo, quando foi promulgada a lei do amor, da justiça, da dignidade de
todo ser humano, mudou alguma coisa para o pobre, a viúva, a criança, o fraco?
Em nossa comunidade, como são tratados os pobres, as
crianças e os velhos abandonados?
Frei Battistini
A seguir: Situação Moral
Frei Battistini
A seguir: Situação Moral
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