"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ide e pregai o evangelho a todas as criaturas



São Francisco de Assis

O grande imitador de Cristo não intencionava – nem podia, em sua ardente caridade – limitar suas missões somente à Itália. As palavras de Jesus lhe soavam na mente e no coração: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”.

Ora, estando-se nos tempos das Cruzadas, o caminho para o Oriente estava traçado. Francisco sonhava em converter à verdadeira fé os sequazes de Maomé, bem como em conseguir a ambicionada coroa do martírio.

Apresentou-se ao Papa Inocêncio III. Com sua aprovação e sua bênção, nomeou um Vigário que o substituísse no Governo da Ordem dos Menores, e, aproveitando a saída próxima de um navio para a Síria, embarcou em Ancona, acompanhado somente por um colega. Seu sonho era morrer por Cristo, fecundando com o próprio sangue o indefectível triunfo da Fé.

Deus, porém, aceitando embora o generoso entusiasmo do coração daquele servo, quis poupar sua preciosa existência para outras lutas e outras vitórias. Pelo que, erguendo-se uma violenta tempestade, o navio foi atirado às costas de Schiavonia, e, em consequência de avarias, o capitão protelou a viagem para o início da primavera seguinte.

Francisco, sem outro meio de chegar à missão, obrigou-se a retornar para a Itália com um navio em que a custo consegui embarcar com seu companheiro.

Uma vez na Itália, reiniciou suas peregrinações, com maravilhosos resultados.

Em Ascoli, conseguiu infundir tal paixão pelos conselhos evangélicos, que nada menos que trinta pessoas, entre sacerdotes e leigos, pediram e obtiveram sua agregação à Ordem.

O povo considerava-se feliz em poder vê-lo, escutá-lo ou simplesmente beijar-lhe a barra da batina. Por onde ele passava, ia deixando a esteira luminosa da paz fraterna...

Quantas e quantas famílias inimizadas, trocaram novamente um fraternal abraço! Quantas e quantas facções, inimizades crônicas, cheias de ódios, de rancores e de vingança juradas não foram reaproximadas e pacificadas com efeitos duradouros!

As pacificações que o Santo Pobrezinho realizava não eram somente dos homens entre si, senão que os reconduzia à paz como o próprio Deus... com o bom Deus que sempre espera, pacientemente espera, jamais se cansando de esperar, apesar de nossas contínuas repulsas, a rendição de nossas almas... para nos estreitar, então, ao seu divino Coração de Pai, a os, ovelhinhas tresmalhadas, filhos pródigos retornados ao Pai, voluntariamente orgulhosos, mas humilhados involuntariamente!

Conduzindo as almas a Deus, o Santo não se esquecia de as reconciliar por primeiro com seus Ministros “etiam disculis”, porquanto, os Sacerdotes, sendo as pupilas dos olhos de Deus, a eles se deve respeito, embora somente à sua missão e não a seus dotes pessoais, os quais podem ser, às vezes... defeitos pessoais.

Considerando-los tão somente como Ministros de Deus, compadecendo-os como homens, pobres irmãos nossos. Não nos comportemos, com respeito a eles diversamente do que se comporta o próprio Jesus Nosso Senhor!

De volta a Assis, todo em febre, o Bispo foi-lhe ao encontro com o Cabido, ao som de sinos. Vendo-o tão consumido e macilento, preso de imenso langor, obrigou-o a aceitar sua hospitalidade, para refazer a saúde.

Aquelas honras e aqueles desvelos a ele prodigalizados, acrescidos daquele tratamento principesco à mesa do Bispo, constituíram-se num gênero de martírio não apreciado por Francisco. Não podendo, pois, suportar tal situação, transportou-se para a Catedral de S. Rufino, onde ordenou ao Vigário de seu convento que lhe pusesse uma corda ao pescoço, como a um malfeitor, e o arrastasse ao pelourinho.

O vigário, origado em nome da santa obediência, apressou-se em executar a ordem. Chegado ao lugar dos justiçados, Francisco falou ao povo, dizendo-lhe chorando:

- Meus irmãos, saibam que eu sou um religioso indigno de merecer consideração! Ao contrário, sou um Veríssimo homem, sensual e glutão, merecedor de vosso desprezo, porquanto, escandalizei a todo o mundo no meio de tantas deferências!

O povo, como única resposta, carregou-o em triunfo até a Porciúncula.

Francisco ainda ardia na febre de empenhar sua vida preciosa entre os infiéis, pelo que, acompanhado de Bernardo de Quintavalle, partiu para o Marrocos, exatamente onde imperava o célebre sultão Moahamed-Ben-Naser, alcunhado de “Miramolim” (ou príncipe dos crentes). O Santo pretende ir diretamente ao príncipe, com a intenção de o dissuadir de massacrar tantos cristãos inocentes, e convertê-lo à Cruz de Jesus. Mas Deus, que havia reservado ao Apóstolo outro gênero de martírio, isto é, uma cruel moléstia, cortou-lhe novamente o caminho obrigando-o a retornar para a Itália, depois de ter feito muito bem na Espanha, para onde passara e onde havia até fundado conventos.

Os grandiosos milagres operados naquela missão são-nos referidos por escritores e sábios do porte de S. Boaventura e Santo Antônio. Deus contentou-se para aquela ocasião, que o Santo lhe oferecesse, com ânimo alegre, o sacrifício de seus desejos, em vez do da própria vida. Seus Frades foram mais tarde ao Marrocos. E todos eles foram barbaramente imolados pelo Miramolin por entre os mais atrozes tormentos. Foram os primeiros mártires da Família Franciscana.

G. Russotti

Reflexão da autora do Blog: Essa narrativa de parte da vida deste Santo, nos mostra como são diversos, muitas vezes os nossos caminhos, dos caminhos de Deus. Deus tinha outros planos para São Francisco. Ele propunha e Deus dispunha...

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