"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Paixão – A Noite Horrenda - cont. A Negação de Pedro...

A ferir como bofetadas, no coração de Cristo, no seu coração já tão amargurado pelo abandono dos discípulos, sobreveio a negação de Pedro...

Vejam com aconteceu: Pedro, que foi na frente com a espada e feriu Malco visto que seu divino Mestre não reagia e se deixava amarrar, teve também ele um momento de medo e fugiu. Mas, depois, não lhe bastando ânimo para deixá-lo só, nas mãos dos malfeitores, voltou atrás e o seguiu de longe. Em Jerusalém, diante do palácio do Sumo Sacerdote, Pedro se encontrou com João, o discípulo amado, que estava também em grande ansiedade pela sorte do seu inseparável Mestre.
João, bem conhecido naquele palácio, podia facilmente entrar; então disse uma palavra ao porteiro e fez passar também Pedro.
Mas, eis que a coragem do ardente Apóstolo é logo posta a prova outra vez: Estando ali, não sem alguma suspeita, por parte do porteiro, Pedro, que dissimulara muito bem sua qualidade de discípulo de Jesus, foi posto a sentar-se, com os servos, no pátio, ao redor de um grande fogo aceso, pois a noite era fria e deviam vigiar. O esplendor das chamas iluminava estranhamente as pessoas e as coisas. O porteiro, passando por ali, tornou a ver Pedro, que se aquecia com aquele ara de pessoa nova, embaraçada; e, olhando-o atentamente, disse-lhe:
- “Tu também, na verdade, estavas com o Nazareno, com Jesus?”
Mas ele negou embrulhando-se nas palavras e fingindo não compreender. Depois, sem olhar para os outros, foi saindo, cautelosamente e encostou-se à porta da entrada. Foi pior porque uma criada, vendo-o, quase por pirraça, começou a dizer a todos os presentes:
- “Vede, este é um daqueles!”
E os outros confirmavam: - “Sim, sim, é por certo um daqueles!”
Pedro então não só negou mas até jurou, dizendo:
- “Não, eu não sou seu discípulo!”
E assim já pela segunda vez negava seu Mestre. Pedro estava sobre espinhos e não sabia como sair deles.
O tempo passava; Jesus estava ainda detido na sala de audiências. Para não se fazer mais notar devia retomar a conversação com qualquer um. Mas o modo de falar de Galileu o traiu; foi descoberto como forasteiro e da terra de Jesus. Então disseram-lhe:
- “Tu deves ser um deles. És um galileu; conhece-se pelo teu modo de falar!”
Nesse momento, entrou na questão um servo do Sumo Sacerdote, um parente de Malco a quem Pedro cortara a orelha e disse: - “por certo que é, então não o vi no horto com ele?”
Pedro vendo-se descoberto e como que perdido, desconsertou-se completamente, recorrendo também às imprecações e aos perjúrios e repetia:
- “Não! Não! Não conheço o homem do qual me falais”.
De repente, o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro lembrou-se das palavras de Jesus: “antes que o galo cante duas vezes, tu já me negaste três”.
Naquele momento, Jesus, passando, voltou-se para Pedro e o fitou. Aquele olhar triste, cheio de misericórdia e de amor, fez Pedro cair em si. Saiu para fora e prorrompeu em amargo pranto.
A dolorosa história de Pedro é a nossa história, meus amigos; nós prometemos muito e depois, ante a menor dificuldade, somos tomados pelo medo.
Sejamos humildes e não confiemos muito nas nossas forças. Todavia, meditando no silêncio, na dignidade e na paciência do nosso Jesus, naquela noite horrenda, exercitemo-nos a sofrer alguma coisa, sem nos zangarmos, sem nos impacientarmos, principalmente, quando formos ofendidos ou molestados por nossos companheiros.
Peçamos a Jesus: “Ó meu Jesus, ajudai-nos a não reagir, mas a suportar e a perdoar tudo por vosso amor”.
A Pequena Bíblia – P. César Gallina

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