"PORQUE ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI ESTARÁ O TEU CORAÇÃO". Mt 6,21

domingo, 1 de abril de 2012

A Paixão – A Noite Horrenda

Mt 26,47-56; Mc 14,43-52; Lc 22,47-58; Jo 18,2-11

Depois da agonia, a traição; depois da traição, a captura. Jesus desce a encosta do olival, atravessa a torrente do Cedron e sobe à cidade de Jerusalém, não como o Profeta ou o Mestre; não como poucos dias ante, aclamando o bendito, mas, como um terrível malfeitor, amarrado fortemente, e escoltado por possantes guardas, como se tivesse intenção de fugir.
Jesus ofereceu por si mesmo sua vida, do contrário ninguém a poderia tirar. Não lhe poderiam tirar nem mesmo um fio de cabelo!
Caminhava no meio daquele amontoado de gente, com sua dignidade peculiar e sem dizer palavra. Era o Cordeiro, que, inocente e mudo, ia para o matadouro.
Conduziram-no primeiro ao velho Anás, que era sogro do Sumo Sacerdote. Anás não tinha autoridade nenhuma para julgar Jesus, mas estava muito curioso por ver de perto, aquele violador da Lei e inimigo dos fariseus e saduceus; aquele perigoso inovador. Jesus porém, não lhe disse uma palavra, nem ao menos levantou o olhar. Foi por isso acompanhado a casa de Caifás, que, justamente era o Sumo Sacerdote daquele ano e chefe do Supremo Tribunal dos judeus. Esse tribunal chamava-se Sinédrio e tinha grande número de juízes, isto é, setenta, mais o Sumo Sacerdote.
Naquela noite muitos deles não foram dormir; velavam com Caifás, no palácio e discutiam sobre o modo de mandar matar Jesus antes da Páscoa, isto é, antes que chegasse a tarde do novo dia – sexta-feira. Esperar para depois, não seria prudente, porque, principalmente os galileus, que eram conterrâneos de Jesus e muito numerosos, podiam revoltar-se e libertá-lo. Tinham porém sabido que a prisão no Getsêmani ocorrera sem incidente. Nenhuma resistência, nenhum prodígio. As coisas caminhavam bem.
Eis que Jesus entra modesto e grave, preso a cadeias. Todos os olhares estavam fixos nele. O Sumo Sacerdote o interrogou:
- “Eia! vamos, fala-me dos teus discípulos e da tua doutrina!”
Jesus responde:
- “Eu sempre falei em público, nas sinagogas e no Templo e jamais falei em segredo. Por que me perguntas? Pergunta àqueles que me ouviram; eles sabem bem o que tenho dito”.
A deposição das testemunhas tem sempre mais valor que as afirmações que o acusado faz em sua defesa. Por que pois falar? Jesus, em conclusão, demonstrou que não tencionava defender-se; mas, deixava a eles a responsabilidade de todo o processo. Nada pois de mal naquela resposta. Mas, um servo, cheio de bazófia, exclamou:
- “Respondes assim ao Sumo Sacerdote?” e lhe deu uma bofetada.
Mas Jesus replicou:
- “Se falei mal, mostra-me o mal; mas se falei bem, por que me bates?”
Nosso Redentor não se incomodava com aquela bofetada, mas queria reclamar somente a observância da Lei. Em nome da Lei o haviam prendido. Mas a Lei proibia que se usasse de violência para com o réu, antes de ser condenado.
Mas, que Lei! Entretanto uma vez que não era hora de fazer reuniões no Sinédrio e também porque Jesus mostrava não querer falar, Caifás mudou a sessão para as primeiras horas do dia seguinte. Então o Nosso divino Redentor foi deixado nas mãos imundas da criadagem que, sem freios, nem limites, lançou-se feroz, contra aquela Vítima indefesa. Queriam tomar, contra Jesus uma desforra, em nome dos seus patrões. Eram impelidos por uma diabólica maldade!
Receberam-no pois com um coro de insultos e de injúrias e passaram logo a agir.
Quantas bofetadas naquele doce rosto! Quantos escarros! E, para continuar aquela brincadeira indigna, vedaram-lhe os olhos. Eles era um Profeta e devia adivinhar. Por isso, davam-lhe pancadas dizendo:
- “Adivinha! Adivinha, ó Cristo, quem te bateu?”
A horrenda cena durou até cansá-los, enquanto Jesus oferecia aqueles ultrajes pela nossa soberba e prepotência. Mas estava já desfalecido e todo pisado. Não se podia suster em pé e tinha ainda tanto para sofrer, na sua Santíssima Alma e no seu Sacratíssimo Corpo!
A ferir como bofetadas, no seu coração já tão amargurado pelo abandono dos discípulos, sobreveio a negação de Pedro.
A seguir: A negação de Pedro
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Ver neste Blog:
A Última Ceia – A Instituição da Eucaristia
A Paixão do Senhor – Sua agonia no Horto das Oliveiras
A Paixão – A prisão de Jesus

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