Os Concílios refletem nitidamente a história da Igreja e seus embates. Foram solenes
assembleias em que a Igreja comunitariamente se voltou para os desafios que a
caminhada através dos tempos lhe suscitava. As decisões dos Concílios, por
isto, hão de ser lidas e compreendidas sempre à luz do respectivo contexto
histórico.
Como dito, o Concílio do Vaticano I ficou incompleto,
deixando em suspenso diversas questões teológicas e pastorais.
Os Papas desde São Pio X (1903-14) pensaram em reativar os
trabalhos do Concílio: todavia as circunstâncias não favoreciam tarefa de tal
envergadura. Foi a coragem do idoso Papa João XXIII (1958-63) que convocou o
21º Concílio Ecumênico da história aos 25/01/1959). Este certame foi inaugurado
aos 11/10/1962, sob João XXIII, e encerrado aos 7/12/1965, sob o Papa Paulo VI.
Tinha em mira, de modo geral, realizar o aggiornamento ou a atualização da
Igreja numa época em que os costumes e as mentalidades evoluem com rapidez
surpreendente. O alcance deste Concílio foi enorme: sem perder o contato com a
Tradição, os padres conciliares promulgaram dezesseis documentos
(Constituições, Decretos, Declarações), que levaram em consideração os principais
temas que se impunham à reflexão da Igreja. O Concílio teve índole
eminentemente pastora, isto é, visou à vida cristã e à sua disciplina, em vez
de se voltar para definições de Fé ou de Moral. A abertura equilibrada dos
documentos conciliares pode ser percebida em seus traços marcantes:
- renovação da Liturgia, que deveria ser celebrada em estilo
mais comunitário e acessível aos fiéis;
- reafirmação da Igreja como sacramento, estruturado por
Pedro e a hierarquia, sem deixar de responsabilizar, na medida precisa, todo o
povo de Deus;
- abertura para os demais cristãos (protestantes, ortodoxos
e outros) que não se acham em plena comunhão com a Igreja de Cristo entregue a
Pedro e seus sucessores;
- declaração sobre a liberdade religiosa, que significa o
direito, inerente a todo homem, de formar livremente a sua consciência diante
de Deus e da fé;
- tomada de posição da Igreja frente às diversas facetas que
o mundo de hoje lhe apresenta: família, comunidade política, economia, cultura,
paz e guerra...
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